sexta-feira, 30 de novembro de 2007

variações sobre um mesmo tema

Esse ser, conhecido como artista, é idealizado socialmente como alguém acima da mediocracia da massa, dono de uma capacidade criativa quase mística e que foge à condição humana (ou será que a potencializa?).
O consciente coletivo o trata como alguém ao mesmo tempo amaldiçoado e abençoado. Sua vida, de modo geral, seria marcada por atribulações, sofrimentos e excessos. Algo como se não se inserisse perfeitamente na sociedade, o que se refletiria no cultivo de tudo o que há de patológico em si (sexo, drogas e rock 'n roll, na sua acepção contemporânea). E isso estaria diretamente relacionado à sua pulsão criativa. Como se uma fosse determinante da outra.
Enquanto ser à frente da sociedade, seu papel é desconstruir e subverter a todo momento seus valores, ainda que seja pautado por eles.
O interessante é atentar que esse mito do artista, como descrito acima , é internalizado por essas pessoas que lidam com a arte e que se sentem na obrigação de seguir tal máscara social.
(...)

Bom, isso é baseado num sociólogo chamado Roger Bastide, mas casa bem com a discussão anterior sobre Pose e Poesia.
A imagem criada pela sociedade acaba sendo internalizada pelo artista (seja ele um pintor ou um poeta, por exemplo), de forma que ele pauta suas ações e seu pertencimento ao mundo através da condição de artista e do que se espera dele enquanto tal. Fui claro? A “pose” de (ser) poeta está diretamente ligada ao seu papel (social) enquanto fazedor de poesia.
Concluindo: pose e poesia são indissociáveis, assim como representações coletivas (e o artista enquanto ser social) está diretamente ligado ao seu “ofício” de poeta e a sua poesia em si. De maneira similar a qualquer ação humana, que traz consigo uma certa máscara social (ou pose), que te faça mais humano...

Será que eu fui claro? Gostaria de ter sido...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Música perdida no passado...
Estava esquecida, com outros fantasmas, num cd riscado aqui na minha estante.
Tudo bem, é até bonita.... sentir pena de si mesmo gera belas canções.
Não é a mesma, vindo de você toma um sentindo completamente novo, que se mistura com o que havia antes. Não é mesma e agora a melodia fica na minha cabeça e eu paro pra pensar no que realmente quiseram dizer com ela.
Confesso que tem músicas que eu evito de ouvir pra não me lembrar de coisas de que eu sinto falta... Outras deixaram de fazer sentido pra mim... pra readquirirem depois.

[Saudade? "Saudade é felicidade abafada, futura". Melhor pensar assim, senão não tem sentido sentí-la. Heh, só um tolo pra procurar sentido no sentir.]

Não, você está errada!
Tua música está errada, todas elas estão.

[E você sabe que eu não falo sobre música.]

domingo, 25 de novembro de 2007

Considerações sobre Thétis

Chame do jeito que quiser.
Dê o nome que convir.
Fantasie o mundo ao seu redor.
De preferência com batom, maquiagem e roupa apertada.
Assim é mais fácil não pensar no que se é, e nunca poderia deixar de ser.

Jogos amorosos
Flerte, conquista, cantadas baratas?
Não para ela.
O que há de libertinagem há também de hipocrisia e isso ninguém pode mudar.
Nem sedução, nem kama sutra.

O coito, o gozo, o êxtase... tudo tão vazio, tão mecânico.
A animalidade objetiva e desubstancializada de uma aula de anatomia.

Tudo que você já quis ser agora se resume a provas de não passar de organismo impuro.
Esqueça toda verborragia, palavras não te expressam.

O que você é? Olhe para seu colchão.
Essas manchas são você, da maneira mais pura e simples que pode ser.
Sem disfarces, sem anseios.
Pura coisa-em-si, desprovida de tudo que lhe é sublime.

Chame do jeito que quiser (não que alguém vá escutar).
E acorde todo dia sabendo que se é menos do que pode ser (justamente por não poder ser algo mais).
Teu erotismo é pornografia.
Tua pornografia, uma forma de esquecer, por um momento, de toda falta de propósito, da ausência do encanto antes cultivado.
O líquido azedo que carrega com você não deixará esquecer...

Palavras não te expressam. Não você.



Agosto já está longe... quanta coisa aconteceu nesse meio tempo! Duas vidas e mais... Mas relendo isso, acho que Thétis ainda faz sentido pra mim. Tornei a pensar nela ao falar com um amigo sobre a desconstrução do "sexo enquanto algo sublime", quando ele perde seu cunho erótico e se torna quase nojento (sem disfarçes, sem anseios). Marquês de Sade e melancias tem a ver com essas considerações...

(leiam o poema Thétis que está aqui: http://z003.ig.com.br/ig/37/21/186709/blig/carbonoeamoniaco/2007_08.html , dia 15/08)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Pose e poesia e... pose

Assim, a questão não é nem fingir. A pose está na ação humana como um todo, ainda mais nas "pretensiosas" expressões artísticas. Não pretensiosas em si, mas na medida em que tentam recriar algo subjetivo e impalpável. Entende? E claro que no fim das contas acabam recriando um "eu" mais cheio de pose, algo que uma interpretação de si mesmo.
O sentimento em si (como a solidão) não é pose, pose é falar (cantar, escrever, pintar...) sobre ele, mas não que isso diminua seu valor.
E se quer saber, ao mesmo tempo que considero essa pulsão humana algo admirável e mesmo apaixonante não posso deixar de achar graça no constante e risível esforço de manter a pose.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pose e poesia
P'ra te fazer humano
Te querer descrente
De nobre ar insano
Coitado, tão contente

Pura pose
Inevitável que não o fosse
Que não se inventasse mais ousado
Mais intenso, mais vibrante
Risível tanto esforço

Mera poesia
De lirismo comedido
Acomodado em sua forma
De ser imensurável
Satisfeito em ser ausente


Onde acaba a pose? Onde começa a poesia?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Descobri! Acho que é isso. Desconstruir. Pegar o que temos de mais certo, indubitável, definitivo e transformar em que coisa que desmonta, que perde a razão... As coisas são asism, desmontáveis, desmacaráveis. Estão em íntima relação com o tempo e com o espaço. Pior: com o espiríto humano. questão de dias, de horas (talvez mais) e o que se tem por sólido se desmancha no ar.
Desconstruir é uma boa... incentiva a construir de novo. A construir melhor. A se questionar sobre o que foi até agora e sobre o que será.
O que temos, e o pouco a que nos apegamos é subjetividade, interpretação, formas simbólicas de "construção" de uma pretensa realidade. Se é que ela existe realmente, não acredito que esteja )a principio) ao nosso alcance. Assim, acredito ( e isso não deixa de ser uma crença...) que discursos diferentes são duas faces da mesma moeda: a da condição humana. Amor, Deus, cocaína, loucura, sanidade, apatia, suicídas, filósofos, prostitutas... sei lá mais o que. Moral? Construção. delimitada por tempo e espaço, nada além.
Chega, confesso que meus dedos foram mais ágeis que meu raciocínio. Ainda assim, desconstruir verdades, botá-las à luz da descrença é um bom exercício. Nos torna mais poderados e menos místicos (será?). Bom, se alguém quiser que me desconstrua.

120 Dias de Sodoma

Domingo não é um bom dia para se ficar em casa... pensando nisso fui assistir a uma peça que há algumas semanas já tinha chamado minha atenção: 120 Dias de Sodoma. O texto, baseado em Marquês de Sade, conta a história de quatro libertinos, homens eminentes, que em busca de diversão e satisfação aos seus prazeres, planejam uma orgia de 120 dias com jovens virgens. A partir desse pano de fundo desenvolvem divagações sobre a condição humana, seus sentimentos e sua maneira de ver o mundo.
Cheio de críticas sobre o Estado, Deus, o moral... o tempo todo se subverte uma pretensa ordem pré-estabelecida, mostrando um lado humano com o qual não estamos acostumados a conviver, tudo com muita ironia e acidez, que por vezes choca e faz pensar.
A peça possui cenas fortes e intensas que podem incomodar alguns, mas criam uma ótima ambientação, que por vezes beira o bizarro mas se encaixam bem no texto. A dor e o prazer estão sempre próximos e o corpo é repensado a partir da sexualidade e do flagelo. O sofrimento é banalizado e revisitado a partir de outra ótica, tornando-se motivo de gozo e prazer talvez pra incomodar mesmo, tirando-o do seu lugar de praxe.
Acabou ficando confuso, mas fica a dica pra quem quiser ver.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Como disse alguém antes de mim, "estou cansado de todas as palavras", mas ainda assim me apego a elas cada vez mais. Repetitivo na (meta)linguagem que não me tira do lugar.
Tudo bem, ainda penso (em termos), que as palavra são a burocracia do que penso e do que sinto, instrumento insuficiente nas mãos de um pseudo-escritor inábil. Consideremos isso como certo, mas que não vem ao caso agora. Continuo escrevendo sem saber se o que faço é bom, satisfatório, necessário, desejável... Continuarei me confundindo na gramática, no estilo e pior, nas minhas idéias.

Mas... por que raios toquei nesse assunto???

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Sufocar
Na falta de espaço vazio
Causada pelo abraço,
Violento, visceral.

Encaixar
Corpos e almas
Em braços tão certos,
Arrebentar de uma vez
O que estava por um fio.

Enlaçar
O que estava solto por aí.
Por que estava solto por aí!?
Quero junto, indissociável,
Apertado, apressado, afoito
Inesquecível

[Não me quero mais cercado em tua ausência]

Aviso

Inexplicavelmente não consigo mais acessar o blog anterior (do ig), então fiz esse outro...

Ainda é carbono e amoníaco, que mais poderia ser?

Blog anterior: carbonoeamoniaco.blig.ig.com.br