terça-feira, 13 de dezembro de 2011

sobre como nós temos tendência a sermos uns bostas

sabe o mais foda das pessoas? é que de maneira geral elas se acham muito mais do que realmente são. incrível você transitar por diversos ambientes e perceber que elas se consideram superiores porque são do jeito que são. e dá-lhe estigmas para diminuir o outro e para disseminar seus preconceito e ignorância.

o tempo todo é gente falando mal dos outros, por aquilo que eles gostam de ouvir, ver, fazer, por pensar como pensam ou porque preferem não pensar em nada... aí se reúnem em pequenos grupelhos de masturbação coletiva  que acha o resto do mundo desprezível e idolatram determinados usos e costumes. esse tipo de comportamento é até compreensível em pré-adolescentes, que ainda não sabem muita coisa da vida, mas depois disso se torna irritante... e nem passa pela cabeça dessas pessoas que, pra quem vê de fora elas também podem parecer babacas.

acho que a gente deveria seguir minimamente uma cartilha de "relativização cultural" (ou seja, parar com a porra de querer achar que o centro do sistema solar é no seu umbigo ou no centro da rodinha que você forma com seus amigos super legais), que nos permitisse ver o outro de maneira um pouco mais madura, prestando atenção no fato de que estamos no mesmo barco e as diferenças que constatamos são mais na forma do que na essência.

o começo de tudo seria pensar que "cada um vive a vida à sua maneira". isso não significa que você precisa GOSTAR, nem que você não possa DISCORDAR e DISCUTIR sua ideias sobre os diversos temas com pessoas que estejam DISPOSTAS a isso. mas partir do princípio de que cada um vive a vida do jeito que melhor lhe convém, na medida em cabe só a ela decidir, já significa que há uma maior tolerância e até valorização à diversidade. e isso pra tudo, desde gosto musical até política e religião. no caso do primeiro, por exemplo, eu não gosto de funk, nunca gostei, mas acho que eu gosto menos ainda das pessoas arrogantes que se acham melhores por que não gostam de funk. aí, dá-lhe falar que é música de bandido, de vagabundo, de favelado e blá blá blá. esses podem ser bons critério para VOCÊ não ouvir funk ou pra não querer que seus filhos ouçam, mas não serve pra querer defender a censura ao funk (nem a coisa nenhuma). aí o cara gosta de rock e se acha foda por isso, ou gosta de jazz e se acha mais refinado ou de samba e mais descolado, mas se esquecem que esses estilos já sofreram com marginalização (por coincidência, três estilos musicais que vieram das camadas populares e para os quais as elites torciam o nariz). e no final das contas sempre vai ter um pra falar  "ai credo, você gosta disso!? isso é coisa de retardado/ nerd/ maloqueiro/ mauricinho/ maconheiro/ velho" (a lista é imensa...).

transfira esse exemplo da música para outras questões da vida que você vai ter bem o retrato de como funcionamos. tentamos legitimar o nosso, deslegitimando o do outro, a gente quer que o nosso comportamento (ou aquele que tentamos atingir, muitas vezes sem sucesso) seja o mais legal, em detrimento do dos outros, e estamos sempre com um tomate na mão esperando que alguém fora do nosso padrão surja para tacarmos nele. "aí, ele é isso, ele é aquilo", mas, peraí, será que, aos olhos dos outros (e pelos seus mesmo, se você tiver um pouco de auto-crítica) você também não é "isso" ou "aquilo". será que não somos todos (e cada a sua maneira) seres humanos deploráveis, tentando dar sentido a vidinhas medíocres?

sei lá, acho que pensando assim (dando a cara a tapa) pelo menos podemos ser menos cuzões e mais tolerantes com as diferenças alheias e quem sabe até seres humanos melhores.

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(acho que é um assunto com uma abordagem semelhante a post passados, mas é que eu continuo sendo parecido com o que eu era antes e certas coisas continuam me irritando...tipo, o que você sabe do outro pra ficar falando dele?)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

sobre opressores e oprimidos

“Se você não tiver cuidado os jornais vão ensinar a odiar os oprimidos e amar os opressores” é uma frase que as pessoas adoram compartilhar no facebook atualmente. ótimo, também acho que esse é risco real e recorrente. concordo que há mecanismos ideológicos e de controle que legitimam o tal opressor e criminalizam o oprimido que acaba sendo marginalizado e tratado de forma estigmatizada.

mas eu quero falar sobre outra coisa, que me incomoda bastante: o fato de que, de certa forma e em graus variáveis, somos todos opressores e oprimidos ao mesmo tempo. não raro os militantes de certas causas, colocam seu grupo social como vítima da "sociedade injusta e preconceituosa", mas ao mesmo tempo têm comportamentos discriminatórios ou ideias que reduzem o outro.

um cara pode ser discriminado porque é gay, e sem se dar conta, discriminar um outro por ser nordestino, que oprime a sua mulher por questões de gênero. as feministas na sua luta por seus direitos podem por sua vez serem particularmente intolerantes aos evangélicos, que são contra os seguidores de religiões afro-brasileiras. é um círculo que não acaba mais e com inúmeros fios soltos.

historicamente os cristãos foram massacrados em determinadas épocas e lugares e igualmente massacraram em outras épocas e lugares. os comunistas, perseguidos em alguns países foram os perseguidores em outros. os índios, dizimados pelo colonizador europeu tinham, naturalmente, relações belicosas entre si (afinal, eram diversas etnias diferentes) e muitas até ajudaram o "homem branco" em conflitos. e é claro que isso não condena nem absolve ninguém de antemão.

qual é meu objetivo ao constatar isso? acho que simplesmente descaracterizar essa ideia ingênua de bem contra o mal. a vida em sociedade não é feita de vítimas e malfeitores. quer dizer, não de início. exemplo: se você é de esquerda não pode apoiar INCONDICIONALMENTE outras pessoas ou grupos só porque eles também são de esquerda. isso é dar um cheque em branco pra outra pessoa fazer o que quiser tendo como escudo o rótulo de "somos do mesmo grupo". tais rótulos servem A PRINCÍPIO, mas depois podem acabar se tornando um álibi para desmandos de canalhas. qual comunista com um mínimo de discernimento pode apoiar incondicionalmente Stálin? quer dizer, você pode até querer enfatizar pontos positivos, de acordo com o seu viés político, mas nunca o todo.

devemos ter consciência de que todos temos preconceitos e a pré-disposição de discriminar e até oprimir pessoas diferentes (até porque, o que é diferente não raro nos assusta ou vai de encontro aos nosso princípios e valores). a nossa luta, deve ser mais ampla, não pelos direitos desse ou daquele grupo, mas pela dignidade e respeito de toda e qualquer pessoa. você não merece ser respeitado porque é negro, você merece ser respeitado porque é um ser humano. e não digo que isso seja simples, mas mudar o a postura e a proposta individual já é um grande começo.

a gente cresce aprendendo a ver a história como a relação entre coitadinhos e filhos da puta. concordo que muitas vezes esses rótulos caem bem (quem não se indigna ao aprender na escola sobre o genocídio indígena na época da colonização?), mas não vamos por favor reduzir o mundo entre bom e mau, opressores e oprimidos. vale mais saber analisar o contexto e ter em mente de que somos todos seres humanos, carregando potencialmente os mesmo defeitos...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

todo mundo sempre tem algo de importante a dizer...
às vezes eu grito junto, outras eu me calo.
o fato é que me impressiona essa quantidade enorme de opiniões desencontradas, baseadas em informações incompletas, fatos duvidosos, convicções sisudas e inflexíveis.
as conclusões quase sempre são precipitadas. lê-se o título e já tem-se uma opinião formada sobre o texto todo.
e olha que não estou tirando meu corpo fora. estou disposto a dar a cara a tapa, rever meus pontos de vista e expô-los a (auto)crítica. não porque eles sejam frouxos, mas sim porque não são absolutos.
tenho minha opinião e gosto de tê-la como forma de me posicionar no mundo, como ponto de partida e não de chegada. pensar coisas faz com que eu exista, compartilhá-las num processo duplo de falar e ouvir me torna humano.
acho que deveria ser assim. a política por exemplo, não deveríamos pensá-la de forma tão maniqueísta, entre pares opostos... isso nos torna muito mais vulneráveis a nos deixar levar de maneira ingênua por ideias que não são realmente as nossas. ou pior, justificamos condutas que não aprovamos pelo simples fatos de terem sido postas em práticas por um grupo pelo qual temos simpatia ou que carrega uma mesma bandeira que (julgamos ser) a nossa.
só aceito polarizações radicais no futebol (e ainda assim para fins lúdicos). no mais, acho que há tantas nuances e detalhes escorregadios em qualquer acontecimento que é quase impossível resumir sua opinião num mero "concordo" ou "discordo" e condenar todo o resto à fogueira...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

pra não esquecer (excertos)

meu:

LEMBRAR-SE

Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nacido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva.

(Clarice Lispector)

dela:

A EXPERIÊNCIA MAIOR

Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.

(Clarice Lispector)


p'ra ela:

QUEM ELA ERA

- (Eu te amo)
   - (É isso então o que sou?)
   - (Você é o amor que eu tenho por você)
   - (Sinto que vou me reconhecer... estou quase me vendo. Falta tão pouco)
   - (Eu te amo)
   - (Ah, agora sim. Estou me vendo. Esta sou eu, então. Que retrato de corpo inteiro)

(Clarice...)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

pra não esquecer

doze meses e lá se vai um ano...
muita coisa, eu sei, vai cair num buraco escuro de esquecimento... fatos pra sempre perdidos (a gente sempre esquece datas e nomes...). não lamento, porém. não estão tão perdidos assim. eu sei, por certo, que tudo que eu vivi e esqueci faz parte de mim de alguma forma e para sempre. eu não vou saber dizer, mas vou sentir. não vou conseguir explicar, mas você vai entender.

ainda assim eu gosto e tento lembrar de tudo. procuro sempre capt(ur)ar o momento. numa foto, numa frase. evidências de que eu estive ali... todas as sensações misturadas: um cheiro que me faz sentir em casa, um som que remete àquele dia, um gosto que faz com que eu queira mais... passar a limpo, saber apreciar o que foi bom, agradecer as oportunidades. sim, porque me espanta a ideia de que nada precisava ser assim e poderia não ter sido! e dá medo pensar nas coisas dessa forma. e faz com que eu me sinta privilegiado em saber que por doze meses (até agora) eu pude ter você ao meu lado, a sua dedicação, sua companhia, os seus cuidados...

e mesmo sem perceber vou inventando uma história que de tempos em tempos paro pra contar pra mim mesmo (e para quem quiser ouví-la). uma colcha de retalhos que se forma das nossas vidas. coisas (muitas) que eu não esqueço nunca!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

escrevo do lado de cá ainda, quando uma grande coisa vai acontecer, mas ainda não aconteceu, então só dá pra imaginar como será...

ir morar em outra casa, na minha, sozinho, o único responsável para resolver todas as coisas, pagar as contas, comprar o que é necessário, limpar, cuidar, providenciar, é algo que eu espero já há alguns anos. faço planos, faço contas e agora boto a mão na massa, mas acho que eu vou estranhar muito. chegar em casa no fim do dia e ver que tudo está exatamente do jeito que deixou, não ouvir barulhos, nem conversas deve ser estranho de início.

claro que sempre fica um sentimento de saudade de tudo que fica pra trás, afinal, as coisas nunca mais serão como foram até então (e olha que foram boas), mas chega uma hora em que é necessário mudar, expandir, querer mais, experimentar coisas novas. enfim, seguir em frente.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

(...)

e agora eu ia começar a ler as obras completas do sr. fulano de tal, mas fiquei com preguiça...
preguiça daquelas compridas e arrastadas
de início de tarde dominical.
do gato deitado ao sol.

não, não há vergonha em haver preguiça!
antes a preguiça do que milhares (ou uma dúzia, não importa) de linhas pesando nos olhos.
o português culto de pessoas cultas num rococó pós-moderno.
ideias absurdas rondando minha mente, criando alucinações e distorcendo minha visão...
se eu lesse um parágrafo que fosse daquelas histórias (o labirinto discursivo) iria achá-las pretensiosas e só. iria preferir ir lá pra fora, olhar as nuvens.
e me daria tédio a celebração do intelecto superior, da alma sensível do artista.

desculpe-me, não queria soar grosseiro, sr. fulano de tal.
é só preguiça da sua mania de saber muita coisa e da sua pulsão criativa, que cria coisas belas e ocas. é preguiça de qualquer coisa, ainda mais daquelas que demandam esforço inútil. de todos os textos que começam com um "senhoras e senhores, um minuto de vossa atenção pois venho-lhes trazer a revelação universal", ainda que implicitamente. você sabe que é isso que pensa quando põe-se a bater dedos num teclado ou quando ataca furiosamente a folha branca com sua tinta esferográfica.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

the bike days are back!

depois de quase três anos ensaiando, criei ânimo e voltei a andar de bicicleta.
quer dizer, foi um dia só (hoje) e eu quase morri de cansaço, mas espero continuar animado. evitar a "lotação lotada" de cada dia já é um belo ganho. chegar mais rápido no meu destino é outro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

você está satisfeito com seu trabalho?

essa pergunta surgiu despretensiosamente numa conversa e me fez pensar a ponto de escrever algo sobre ela.

primeiro de tudo, nunca tive um sonho, um objetivo quanto ao que fazer profissionalmente. isso se refletiu na minha escolha pra faculdade (ciências sociais), algo que eu dificilmente levaria adiante como ganha-pão. desde o dia que eu escolhi esse curso entre tantos outros (de maneira quase aleatória) meu pensamento sempre foi "o que será que eu quero aprender?" e não "com o que eu quero trabalhar?"...

isso me levou a encarar a faculdade de uma maneira muito diferente do que a grande maioria das pessoas fazem. pra mim, ir pra faculdade, me envolver com temas e disciplinas foi mais uma questão de realização pessoal, de me interessar por algo que me agregasse e não de ascensão pessoal. logo, fazer a faculdade foi muito mais importante do que me formar. quase todo mundo vai pra "facul" seguindo aquela lógica de diploma = ter um emprego melhor. pra mim, pelo contrário, estudo e trabalho foram duas coisas em esferas diferentes da minha vida.

desde que eu comecei a pensar em trabalhar, meu ideal de trabalho era aquele que me estorvasse o mínimo e que me propiciasse  o máximo em retorno. sério, sempre naquela lógica madruganiana de "não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar", cheguei a conclusão que eu deveria ter um emprego razoavelmente bom e tranquilo pra que eu pudesse me dedicar a outras coisas importantes para mim. emprego é relação de mercado e tentei o máximo possível fugir um pouco de ser formatado enquanto um produto (sempre detestei entregar currículo e fazer entrevista, por exemplo) e outra, bom emprego pra mim estava (e está) muito relacionado a como você se sente no ambiente de trabalho, se é bem acolhido, respeitado, se dá bem com as outras pessoas e isso não se consegue optando por essa ou aquela profissão.

acho que posso chegar a conclusão de que, sim, estou satisfeito com meu trabalho. não porque ele me dignifica (como diz aquele ditado estúpido) ou por algum sentimento de realização, satisfação ou amor ao labor (uma ideia que eu acho meio tosca), mas porque gosto de vir todos os dias para cá, não me queixo das minhas atribuições, me dou bem com todos de maneira geral e (pelo menos por enquanto) acho que o que ganho está de bom tamanho. simples assim.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

acabei de reler esse livro depois de 13 anos. estranho pensar que já faz todo esse tempo,  mas a tendência é essa mesmo, eu usar números cada vez maiores para indicar coisas que fiz no passado... ganhei ele no meu aniversário de 12 anos, quando estava começando a me interessar por música e principalmente rock nacional dos anos 80. a primeira banda a realmente me interessar foi a legião urbana. muitas outras eu só fui realmente conhecer no decorrer dos anos (tipo ouvir com atenção alguns cds, procurar outras referências) e era comum eu pegar o livro pra consultar o capítulo que falava dela. de lá pra cá, acabei me interessando por engenheiros do hawaii, nenhum de nós, plebe rude, ira!, barão vermelho, paralamas do sucesso e lobão.

claro que ler em 98 e em 2011 foram duas experiências completamente diferentes. pensando agora todo esse tempo maturou e ampliou muito meu gosto musical, mas sem dúvida esse livro representa um pontapé inicial, o momento em que eu comecei a gostar de maneira mais sólida de algo do mundo adulto. lembro que cada linha do livro era uma imensa novidade. conhecer nomes, bandas, discos, histórias. eu não sabia nada e por isso era bem empolgante. muita coisa passava batida como as citações de bandas estrangeiras e estilos, como dead kennedys, the clash, ac/dc, rock progressivo, new wave, pós-punk, entre muitos outros, mas bem ou mal foi o primeiro contato e me fez querer conhecer um pouco mais. agora o legal é perceber que consigo entender quase a totalidade do livro (bom, no mínimo eu sei do que o autor está falando).
em 200 e poucas páginas o autor condensa o surgimento do rock no brasil, fazendo uma preparação de terreno com o que aconteceu nos anos anteriores (jovem guarda e tropicalismo, po exemplo) até o surgimento de bandas que realmente foram os pilares do rock brasil e que fizeram a estética e a atitude do rock ser levada a sério no mainstream, como legião, titãs, paralamas, barão vermelho. pela primeira vez grupos de rock nacionais lotavam casas de show e vendiam milhões de discos. claro que não se resume a isso e nem acho que seja o mais importante, mas reconheço o quanto isso foi um divisor de águas. dezenas de bandas médias e pequenas, que por um motivo ou outro não chegaram a fazer tanto sucesso (de crítica, público ou ambos), mas que ainda assim eram a prova de que algo novo e forte estava acontecendo no cenário musical do brasil.

fica nisso, um misto de nostalgia pessoal ao retomar histórias que estão na base do meu gosto musical e o gosto por informações e histórias interessantes.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

noturno

deita aqui, com a cabeça no meu peito.
eu afago seus cabelos e você me conta histórias.
seu rosto distraído, sonolento, me encanta.
o corpo perto me conforta. sou feliz.

parado, o universo gira ao seu redor.
fixo meu olhar no rosa dos seus lábios,
no desenho que eles formam em cada sílaba,
me arrebata o hálito que eu inspiro fundo.

"eu te amo". penso, mas não falo.
não ouso romper a harmonia que se forma
quero só me esconder e te espiar.

voz baixa, língua lenta. piscadas demoradas
até que numa delas, súbito, o sono te vence
beijo seu rosto. cubro seu ombro. durmo também.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

dez anos do ataque aos eua


o assunto nem me interessa tanto, ou não da maneira como é abordado por grande parte da imprensa. fico incomodadocom a maneira como esse acontecimento é retratado, criando-se uma narrativa na qual os eua são a grande vítima de pessoas intolerantes, radicais e que só agem motivadas pelo ódio. por mais que isso fosse verdade, não concordo em colocar os eua (e o dito "ocidente") por outro lado como país inocente, virtuoso, preocupado em levar a paz e a """democracia""" para o resto do mundo. menos hipocrisia, por favor. essa coisa de cançãozinho bonita, um minuto de silência, homenagens e chororô público é bonito pra aparecer na tv, mas é tão perigosamente irreal, quanto separar o mundo entre bons e maus. uma vida dedicada à arrogância imperialista e à unilateralidade na maneira de se lidar com o resto do mundo (o islâmico principalmente) acabaram por criar algumas antipatias.

certo, que eles chorem seus mortos. que lamentem o ataque que sofreram (ainda que haja teorias da conspiração que considerem o ataque uma ação orquestrada pelo governo americano... vai saber) e se preocupem com sua segurança. afinal pessoas inocentes morreram e isso nunca é legal. maaaaas, não me venham com síndrome de coitadismo, os eua não são o mocinho dessa história. as 3.000 vidas americanas perdidas em 11/09/01 não são mais importantes que milhões de outras vidas perdidas de maneira semelhante, muitas inclusive por ações militares dos eua e aliados.

só pra ficar em um exemplo mais fácil, desde que os grande cruzados da democracia e da segurança mundial invadiram o iraque, um tal de "Iraq Body Count Project (IBC) documentou 73.264 a 79.869 mortes de civis não combatentes desde o princípio da guerra até 20 de Setembro de 2007." (wikipedia). qual é a motivação para essas mortes? são tão injustas quanto as que aconteceram em solo americano. e não há NENHUM ARGUMENTO nesse mundo que as justifique. a invasão do iraque se deu por um motivo falso (possível existência de armas químicas naquele país), CONTRA a posição da ONU  (se é que aquela porra serve pra algo mais que reunir líderes mundiais pra um papinho descompromissado e um bom café...).  alguém pode dizer que o saddam hussein era um cuzão e que merecia sair do governo iraquiano. eutudo bem, diga isso pra família desses mais de 70.000 CIVIS mortos (isso numa estimativa baixa).  também achava o bush um cretino e nem por isso quis tirá-lo a força do poder... só mesmo pessoas muito ingênuas não imaginariam que o que os americanos queriam no iraque era o rico petróleo deles.

enfim, que se respeite a morte dessas 3.000 pessoas, mas não me venham com essa história hipócrita de que não foram eles os próprios causadores do ódio que culminaram naqueles acontecimentos. os mortos deles não justificam os mortos dos outros e não os absolvem também. eles mataram muita gente ao redor do mundo somente por seus interesses e continuam fazendo isso até hoje. são um país conservador, belicista e preconceituoso.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

por que eu moro em são paulo?

cada dia mais penso em por que vivo (e vivemos) em são paulo.
é uma cidade que te oprime em todos os sentidos. é suja, feia, poluída, degradada e tem problemas sociais gravíssimos.
ser pobre nessa cidade é pedir para sofrer diariamente em áreas básicas como saúde, educação, transporte e lazer. se você tem uma condição social melhor, vai morrer de medo de ser assaltado, sequestrado, assassinado. aí acaba se escondendo atrás de um muro alto ou dos vidros do carro. tanto para os ricos quanto para os pobres a questão é desconfiar de tudo e de todos e sobreviver.
é feia sim. não tem como falar que são paulo é uma cidade bonita. as marginais são o cartão-postal de quem chega. um esgotão a céu aberto (como eu gostaria de poder ver os rios de são paulo despoluídos um dia!) margeado por asfalto e milhares de carros. só de olhar eu me sinto mal, parece que a cidade grita "não queremos você aqui!". pra todo lado a cor predominante é o cinza do concreto e da fumaça.
o centro e diversas outra áreas são depósitos de pessoas excluídas que a gente passa por cima e finge que não vê (alguém que conhece a cracolândia ou a várzea do glicério vai discordar?). as periferias estão apinhadas de favelas, milhares de barracos espremidos com gente (sobre) vivendo de forma precária.
o paulistano quase sempre mora bem longe do trabalho e leva duas horas pra chegar a ele, extremamente apertado, ou estressado atrás de um volante, como é de praxe. e mesmo que more a dez minutos, com o trânsito, o trajeto será quatro vezes mais demorado. vai respirar bastante fumaça a ponto de desenvolver problemas respiratórios.
lazer é outra área totalmente problemática. paulistano adora falar que aqui tem de tudo, você pode fazer praticamente qualquer programa a qualquer hora do dia ou da noite. bares, restaurantes, cinemas, teatros, shows, baladas e uma série de eventos que só acontecem nas maiores cidades do mundo. tem sim, se você estiver disposto a torrar uma bela grana com isso. tudo aqui é muito caro. estacionar o carro é mais caro que andar com ele, ingresso pra qualquer evento é um absurdo, comer e beber então, nem se fala. além das filas e dos aborrecimentos comuns a lugares onde há muita gente. experimente ir ao cinema no sábado à noite, por exemplo. experimente querer imaginar em ir ao show de um grande artista... conclusão, ou você tem o mínimo de recursos pra bancar programas na cidade, ou vai acabar na televisão ou no computador mesmo.
querer morar num imóvel seu é luxo só para os mais abastados. qualquer apartamentozinho de dois quarto na periferia da periferia tem valores por volta de R$ 200 mil.
claro que muitos desses problemas assolam também muitas outras cidades, mas acho que o tamanho da região metropolitana de são paulo torna todos eles ainda maiores e de difícil solução. tudo aqui é enorme. tanto o luxo quanto a pobreza. são várias cidades numa só.
e olha que tudo que eu levantei aqui faz parte do meu cotidiano. eu sei o que é perder mais de três horas diariamente no trânsito. morei desde sempre afastado do centro e muito próximo de favelas. vou para a região da sé todos os diase convivo com todos seus problemas. se me aventuro a sair no finais de semana sei que, se não tomar cuidar vão me tomar até a roupa do corpo. e tento há alguns anos morar em um imóvel próprio...
a melhor conclusão a que pude chegar é que pagamos pra morar numa cidade de primeiro mundo, mas moramos de fato numa de terceiro.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

algumas linhas sobre anjo negro



quanto mais eu leio nelson rodrigues, mais eu me fascino.

terminei hoje "anjo negro", talvez sua obra mais polêmica (do pouco que eu conheço, com certeza é). tanto que ficou censurado por um bom tempo. afinal, se hoje em dia já é complicado falar de incesto, pedofília, racismo, infanticídio, imagina na década de 40. tudo isso na peculiar aura de morbidez e insanidade que está presente nas relações conjugais e familiares de seus personagens.

a história de anjo negro gira em torno de ismael, um negro com profundo ódio de sua cor (o que o leva inclusive a rejeitar a própria mãe e lutar obstinadamente para ascender socialmente e tornar-se um "negro de alma branca") e sua mulher, virgínia, uma bela e branquíssima moça. desde o começo a relação entre eles se dá de maneira obssessiva, insana, sadomasoquista. a própria união entre eles, como todos os acontecimentos que se sucedem na peça (e que eu estou me segurando pra não contar) se dá numa série de tragédias, violações, sofrimento e morte. tudo adquire (e sente-se nitidamente isso por entre as páginas) um caráter obscuro e grotesco (talvez por isso mesmo feérico e talvez burlesco).

tenho uma impressão geral, que nelson rodrigues sempre mostra e realça o que há por trás das relações trivais, do dia-a-dia (basicamente familiares) e com as quais estamos acostumados desde sempre. máscaras caem e podemos ver um turbilhão de desejos, paixões, imoralidades e mesquinharias, enfim, fantasmas que nos rodeiam mas que não escapam a quem espia pelo buraco da fechadura.

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mas claro, nada disso é tão importante quanto as palavras escritas em caneta azul e que fizeram com que eu me sentisse mais feliz na volta pra casa.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

a coruja e o coração



o último cd da tiê é ótimo! ainda num clima intimista (parece que tá tocando sentada no chão da minha casa), belas letras e a voz mais doce e suave que eu lembro ter ouvido. entre músicas alegres e serenas, das quais destaco "na varanda da liz", "piscar o olho" e "te mereço" (essa aliás, parecidíssima com "te valorizo", do primeiro cd), tem uma improvável versão de "você não vale nada" (aquele forró, que fez sucesso um tempo atrás).

p.s.: amanhã férias. tava sentindo falta já. viajar de avião pela primeira vez será uma bela novidade (num mundo em que tem gente que frequenta o aeroporto como quem frequenta o ponto de ônibus...).




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sobre jogos violentos

Lembra daquele doidão que matou um monte de gente na noruega, um tempinho atrás? Então, no meio do monte de baboseira que ele escreveu, ele citou nomes de alguns jogos que ele jogava (call of duty, por exemplo). Disse até que ele usava esses jogos como parte de seu treinamento. bom, aí aconteceu o que todo sabe que aconteceria: os ditos "jogos violentos" foram recolhidos das prateleiras de algumas lojas!

Isso mesmo, você mata algumas dezenas de pessoas com uma arma de verdade, no mundo de verdade e são as armas de brinquedo, num mundo virtual que são proibidas! Tem alguma coisa errada... engraçado que eu não vi ninguém falar nada de, sei lá, de repente banir as ARMAS DE FOGO. Por mais utópico que possa parecer um mundo sem armas (ou pelo menos que elas fossem de uso mais restrito), faria mais sentido pra mim as pessoas fazerem o seguinte raciocínio: esse cara matou uma porrada de gente com uma arma, logo armas são perigosas (afinal, pessoas com distúrbios mentais podem ter fácil acesso a elas). Não, elas peferem pensar:  esse cara matou uma porrada de gente com uma arma e além disso jogava videogame, logo VIDEOGAMES SÃO PERIGOSOS. Ou indo mais longe, ninguém questionou o fato de ele ser um fanático religioso, afinal no nosso mundo maniqueísta religiões são boas e jogos são ruins, certo?

Acho que não preciso dizer que sou totalmente contra esse tipo de posição e acho ela absurda, ridícula, demagógica e burra. Ela erra em dois pontos: tapa o sol com a peneira e trata logo de arranjar um bode expiratório. é aquela velha história de flagrar sua mulher te traindo no sofá e... QUEIMAR O SOFÁ (afinal, sofás induzem à traição)! a violência simbólica sempre fez parte da nossa sociedade, brincar de matar, criar histórias violentas, inventar um papel diferente pra si mesmo (bandido ou mocinho) é tão antigo quanto andar pra frente. Livros, músicas, filmes, artes plásticas, teatro, história em quadrinhos, brincadeiras entre crianças, tudo isso tem sua dose de violência, porque tem são realizações humanas, refletem sentimentos, anseios, visões de mundo humanas.

Talvez se a opinião pública e os indivíduos em geral que tem alguma dúvida fizerem uma pequena pesquisa (pode ser no google mesmo), vão perceber que comportamentos violentos de uma pessoa ou um grupo de pessoas são ANTERIORES ao surgimento do videogame. É sério! Os seres humanos se matam sem motivos ou por motivos fúteis (ou por que deus falava com eles em sonho) já há alguns milhares de anos. Muito mais pessoas morrem atropeladas por motoristas inconsequentes do que assassinadas por gamers psicopatas, mas nem por isso os carros são proibidos.

E aqui não cabe uma discussão sobre se os videogames (e principalmente aqueles que simulam situações violentas) são bons ou ruins, isso não vem ao caso. Você não precisa jogar se não gostar. Você tem todo o direito de desencorajar as pessoas próximas a você a não fazer algo que você considera pouco sadio ou ofensivo aos seus princípios (de acordo com sua religião, sua ideologia política ou seus costumes). Você deve proibir ou instruir seus filhos, caso ache que aquele conteúdo é impróprio a eles. Mas você NÃO pode mentir pra si mesmo e pros outros ao afirmar que jogos violentos são a causa da violência. Ou, sendo mais específico, que o louco, fanático religioso, portando armas de fogo, sob efeito de drogas, matou um monte de pessoas porque jogava call of duty.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

alguma linhas sobre "meia-noite em paris"

vi já faz um tempo, mas queria escrever alguma coisa sobre ele...

talvez deva começar com "encantador". só pelo diretor já me sentiria na obrigação, mas além de tudo é um ótimo filme, mágico, divertido, muito gostoso de se assistir (as boas sacadas e o humor refinado, típicos do woody allen estão presentes aqui). o tema central da história é basicamente a nostalgia, a saudade de algo que nunca vivemos, mas que romantizamos, idealizamos e que, por isso gostariamos vivenciar (o comum "gostaria de ter vivido aquela época"). quando olhamos a nossa volta e vemos tudo de uma maneira mais apaixonante e envolvente. e é a cidade de paris, como ela se apresenta ao protagonista, que causa essas sensações.
ele é uma figura um tanto quanto ingênua e romântica (pode-se até duvidar de sua sanidade, apesar de eu preferir ver através de seus olhos), nadando contra a corrente da vida prática e do cotidiano, representados pela sua noiva fútil e pelo seu trabalho de escritor de roteiros. tudo o que quer é se deixar levar por pequenos momentos (caminhadas sob a chuva, conversas em cafés) enquanto tenta se inspirar para escrever um romance. e tudo fica ainda mais interessante (para nós e para ele) quando é meia-noite em paris.

ainda vou assistir de novo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

de um rascunho

"se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho, eu gravaria no metal da minha pele o teu desenho"

ah, eu já quis ser muitas pessoas. já tentei pensar coisas incríveis. descobrir pequenos segredos escondidos no escuro do mundo ou embaixo da cama. escrever palavras de uma ternura indizível ou de uma força aterradora. já subverti o que era um sentimento (e fiz dele razão pra me perder no abismo que é pensar e sentir, que nem naquela música). contei mentiras, inventei histórias. já machuquei pessoas e já amaldiçoei em segredo quem vez ou outra acabasse por fazer isso comigo. por esporte, por instinto, porque a vida é assim mesmo...

mas não agora... acho que agora eu só queria um abraço. um abraço resolveria tudo... e não que exista exatamente algo a ser resolvido. só que essa gastura me invade de repente. sem aviso, me faz querer nada além disso, um abraço teu, quente e arrebatador. a sinceridade inalcançável que ele traz.

e quem acreditaria se eu dissesse que dois braços pequenos vão daqui até à lua? 

"Abraçar; é encostar um coração no outro." (Rita Apoena)

é, a gente busca conforto no abismo... de fato conforta estar à beira dele, encarando-o curioso e desafiador (ainda que com medo), ensaiando o pulo que nunca acontece. e se passam tantas coisas na minha cabeça que não ouso te contar.

pode parecer loucura (eu não diria o contrário), pobre clichê de filme da sessão da tarde (ou de comercial de sabão em pó), mas estar ao teu lado é andar descalço numa chuva quente de verão...

"Vivo tão intensamente o momento, que quase chego atrasada ao momento seguinte." (Rita Apoena)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

meu dinheiro no gambazão - parte II


hoje o kassab vai ao terreno baldio de Itaquera assinar a isenção fiscal para corinthians. Independente de qualquer coisa, abertura da copa em são paulo ou não, estão garantidos os r$ 420 milhões para o novo estádio. uma verdadeira pilhagem aos cofres da prefeitura. se você for sócio ou dirigente corinthiano ou da construtora odebrecht, comemore, foi a maior costura política da história do clube. se não for (mesmo que torça para o time), lamente muito... metade do estádio vai ser construído com seu dinheiro e você só vai entrar nele se pagar (bem caro).

só pra constar, segue abaixo o nome dos vereadores que aprovaram a caridosa doação:

Adolfo Quintas (PSDB) – a favor
Agnaldo Timóteo (PR) – a favor
Alfredinho (PT) – a favor
Atílio Francisco (PRB) – a favor
Carlos Apolinário (DEM) – a favor
Claudinho de Souza (PSDB) – a favor
Claudio Prado (PDT) – a favor
Dalton Silvano (sem partido) – a favor
David Bezerra Ribeiro Soares (PSC) – a favor
Domingos Dissei (DEM) – a favor
Edir Sales (DEM) – a favor
Eliseu Gabriel (PSB) – a favor
Everson Marcos de Oliveira (PSDB) – a favor
Francisco Chagas (PT) – a favor
Gilson Barreto (PSDB) - a favor
Goulart (PMDB) – a favor
Ítalo Cardoso (PT) – a favor
Jamil Murad (PC do B) – sim
José Américo (PT) – a favor
José Police Neto (sem partido) – a favor
José Rolim (PSDB) – a favor
Juliana Cardoso (PT) – a favor
Juscelino Gadelha (sem partido) – a favor
Marta Costa (DEM) – a favor
Milton Ferreira (PPS) – a favor
Milton Leite (DEM) – a favor
Natalini (sem partido) – a favor
Netinho de Paula (PC do B) - a favor
Noemi Nonato (PSB) – a favor
Paulo Frange (PTB) – a favor
Quito Formiga (PR) - a favor
Roberto Tripoli (PV) – a favor
Salomão (PSDB) – a favor
Senival Moura (PT) – a favor
Souza Santos (sem partido) – a favor
Toninho Paiva (PR) – a favor
Ushitaro Kamia (DEM) – a favor
Victor Kobayashi (PSDB) - a favor
Wadih Mutran (PP) – a favor

terça-feira, 19 de julho de 2011

silêncio, silêncio, silêncio... pra sair da rotina, uma das coisas mais legais que eu li nas últimas semanas em blogs por aí:

Difusora

Ela deve ser uma das últimas a fazer isso
sintonizar o rádio girando um botão
um olhar analógico
um sorriso orgânico

auto-falante empoeirado
um pouco de chiado
deve ser uma guitarra tocando Hey Joe
ou uma voz rouca sussurrando Summertime

ela depara-se com o botão mono/estéreo
não deve funcionar
na ponta da antena tem um pedaço de palha de aço
não deve funcionar

acende um incenso, me oferece vinho
no brinde penso em sexo
ela diz: pela paz mundial
dá no mesmo

daqui ó: http://bassbassbass.blogspot.com/2011/07/difusora.html

sexta-feira, 8 de julho de 2011

querem o meu dinheiro pra construir o gambazão...

porra! dar r$ 420 milhões para a merda um time de futebol construir seu tão sonhado estádio é algo inadmissível, repugnante, pornográfico! é a abertura de pernas total para a politicagem que envolve o futebol, de entidades obscuras como a fifa, cbf e o próprio clube beneficiado com a medida. por causa dessa porcaria de copa do mundo no brasil, justifica-se um monte de atrocidades.

é dinheiro público! dinheiro que supostamente falta para resolver problemas básicos da população, dinheiro que poderia suprir o déficit de vagas em creches, melhorar a qualidade do ensino, construir mais hospitais e postos de saúdes, promover mais ações de cultura e esportes e uma infinidade de outras políticas públicas que seriam muito mais importantes do que ter a abertura da copa do mundo (ou qualquer jogo que seja) na cidade.

e não me venham com esse blá blá blá de que o estádio vai beneficiar a região de itaquera. diversas outras obras beneficiariam muito mais toda a população daquela região (e são paulo como um todo), principalmente os mais necessitados. por que não se constrói os tais hospitais, creches, escolas, parques públicos, etc? por que não se constrói casas populares ou se abre uma linha de crédito pros moradores da região reformarem suas casas. por que não incentivam os pequenos e médios empresários? por que não se faz algo que realmente traga benefícios econômicos e sociais para toda a população!?

mas construir um estádio que vai ser usado no máximo uma vez na semana, no qual se cobrará ingresso caro (uma majoração nos preços que tem sido prática corrente dos clubes paulistas, principalmente o "popular" corinthians) e que vai enriquecer a empreiteira é pura e simplesmente desvio de recurso público. é roubo! isso sem falar que, com a tal da copa do mundo, a fifa toma de assalto todo o país, que tem que rezar pela cartilha dela, só para que o negócio se torne mais lucrativo para ela.

e óbvio que se o time beneficiado fosse o pelo qual eu torço também estaria indignado. é duro ver com que cara lavada se assalta os cofres da prefeitura por motivo fútil, para o benefício de uma meia dúzia de pessoas. não me lembro de outra ocasião em que se fez tão pouca questão de esconder o desvio de verbas públicas para uma finalidade privada (e sem nenhum interesse social).  claro que muito corinthiano vai regojizar de alegria ao ver seu desejo de tantas décadas virar realidade,mas ele não pode esquecer que os problemas que ele enfrentam no dia-a-dia poderiam (deveriam) ser resolvidos como o dinheiro que foi usado pra se cosntruir o camarote do estádio.

ah, mas sei lá. por que eu to esquentando a cabeça. todo mundo já sabia que copa do mundo aqui serviria pra isso mesmo. alguém dúvida que é só o começo? parabéns kassabão, tá conseguindo manchar a merda da sua gestão (que já não ia nem um pouco bem).

sexta-feira, 17 de junho de 2011

a justiça e as marchas da maconha


dia 15 desse mês o STF liberou, por unanimidade, as marchas da maconha, eventos que de uns anos pra cá têm acontecido (e sido proibidos) com certa recorrência em diversos estado brasileiros.
salvo acontecesse algo bem estranho, era óbvio que seria esse o desfecho dado pelo Supremo. não tem cabimento a justiça proibí-las sob a alegação de que "fazem apologia ao uso de drogas". é claro que uma grande parte das pessoas que participam desses eventos são usuárias e têm uma visão simpática a ela. claro também que essas marchas acabam se tornando "bondes de maconheiros" e que isso a justiça não pode permitir, por questões legais. mas, creio eu, o que deve prevalecer são dois direitos constitucionais de suma importância: o de liberdade de pensamento e expressão e o de livre associação. eu, enquanto cidadão, tenho o direito de pensar livremente, chegar a conlcusões contrárias ao que estipula o Estado e de disseminar a minha opinião sobre qualquer tema. mais ainda, tenho o direito de me reunir com pessoas em espaços públicos para debater ideias e manifestá-lás a quem quer que seja. e é isso que os organizadores alegam querer, um espaço organizado para fazer valer suas posições. só duas resalvas feitas pelos ministros e com as quais eu concordos: tais marchas não significam que o uso da droga esteja permitida naquele espaço (apesar de que vai continuar acontecendo, como acontece em qualquer esquina de qualquer bairro de são paulo) e menores de idade não podem estar nelas.

enfim, independente de se ser a favor ou contra a descriminalização ou a legalização da maconha (que são coisas diferentes) acho razoável que qualquer pessoa que acredite em democracia de fato e em seus dispositivos respeite e até defenda que outras pessoas possam expor suas opiniões, mesmo que totalmente contrárias a sua. vou repetir a citação anterior que cabe perfeitamente para a questão: "Se você acredita em liberdade de expressão, então acredita em liberdade para exprimir opiniões que você não gosta. Stálin e Hitler, por exemplo, eram ditadores favoráveis à liberdade de exprimir apenas opiniões que eles gostavam. Se você é a favor da liberdade de expressão, isso significa que você é a favor da liberdade de exprimir precisamente as opiniões que você despreza". você não precisa gostar, mas acreditar em liberdade de expressão é defender que possam existir marchas da maconhas e marchas para jesus.


sei lá, talvez um dia eu escreva aqui minha opinião especificamente sobre a descriminalização e a legalização da dita erva.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Por que escrever num Blog? Nem sei, simplesmente fui lá e fiz... Dizer coisas que pouco interessam, fazer piquete no quintal de casa, pixar as paredes do próprio quarto. É tudo criação, cópia, falsificação...

Por que não para (d)e pensar?


Há exatamente 4 anos escrevi e publiquei isso num blog, de lá pra cá pouca coisa mudou...
Ainda a vontade de pixar as paredes do próprio quarto, a tendência de tentar capturar um pouco dos meus devaneios e transformá-los em um punhado de palavras que juntas adquiram algum sentido.
Ainda a necessidade de falar... alternando entre momentos de silêncio e intensa verborragia.
Ainda o pêndulo alternando entre os opostos e o cão correndo atrás do próprio rabo, como se disso dependesse a própria vida...

Enfim, nada me chama mais a atenção nesses 297 posts (37 no blog antigo e 260 aqui, contando este) do que a ideia de que cada um deles é um belo retrato do que eu vivi, pensei, senti ou fingi (por que não?). É como se eu de fato tivesse conseguido manter um pedaço de mim cristalizado em cada um deles.
Um misto de pretensão e simplicidade.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

considerações sobre o politicamente incorreto

vivemos numa época chata. somos policiados o tempo inteiro sobre o que dizemos. abordar assuntos polêmicos é proibido, a não ser que você vá simplesmente soltar algum bordão já consolidado e aceito sobre o tema. a liberdade de expressão só é permitida para você se expressar segundo a cartilha. caso contrário vai ter sempre alguém ofendido com o que foi dito. escrevo isso pensando em alguns acontecimentos dos últimos dias.

o primeiro é o fato de o diretor lars von trier ter dito no festival de cannes que "entendia hitler" e que "simpatizava um pouco com ele" o que levou os organizadores a ficarem aterrorizados e o expulsarem de pronto do evento, como "persona non grata". e essa é uma boa lição: nunca, jamais, demonstre qualquer tipo de empatia ou evidencie nenhum traço positivo da personalidade de hitler ou da alemanha nazista (a história definiu muito bem quem eram os mocinhos e os bandidos do início do século passado). e não estou dizendo que tenham (traços positivos), só estou dizendo que, se você for falar dele (principalmente em público) deve falar que ele era mau, tudo que ele fez foi ruim e que ele era o anticristo em pessoa. não relativize, não coloque em dúvida essas palavras. simples assim. caso contrário você vai ser inapelavemente repreendido e você vai passar a ser um "nazi nojento". mesmo que seja um comentário irônico, pelo sim, pelo não, os alarmados moralistas de plantão vão te execrar antes que tenha chance de se explicar. e isso que aconteceu foi ridículo. por mais que os organizadores do festival e 95% dos participantes discordem das opiniões (ou provocações) do cara, ele não disse nada de mais, ele não defendeu o holocausto, não se auto-intitulou herdeiro ideológico de hitler, não exaltou os feitos do nazismo, nem nada. o que ele fez foi dizer que "simpatizava um pouco com ele".
o outro caso é ainda pior. vejam um trecho de notícia retirado do site da folha: "Entidades do movimento gay reclamaram de comentários de Marcos Mion no 'Legendários', da Record. Durante o programa, o apresentador disse que a drag queen Nany People 'tem surpresinha' e perguntou 'o que ela faz com o pacote' na hora do banho." Puta que pariu! Um programa de humor (tosco, mas ainda assim sem a intenção de ser sério) vai ser processado por que fez gracejos com uma pessoa que participava do programa de livre e espontânea vontade. sinceramente, já vi piadas com gays, travestis, drag queens, transexuais, muitos mais pesadas (essa foi pesada? chegou a ser uma piada?) do que essa e nunca ouvi falar de alguém ser processado. A própria Nany People disse que ficou surpresa quando ficou sabendo que ele seria processado. Afinal fazer referência jocosa a homens travestidos de mulheres, dizendo que eles continuam tendo "o orgão sexual masculino" e perguntar o que é feito dele na hora do banho não pode ser considerado ofensivo. eu tenho uma opinião bem consolidada quanto ao direito das pessoas à diversidade sexual, afetiva e comportamental, mas também sou a favor da piada.

Enfim, estou ficando cansando da quantidade de situações similares que encontro diariamente num simples passar de olho em algum site de notícia. Acredito na liberdade, no respeito e na convivência harmoniosa das pessoas, cada uma com suas inúmeras diferenças em todos os aspectos e acho que a liberdade de expressão é parte fundamental para aprofundarmos esses ideais em nossa sociedade. essa tentativa de moralização, de assepsia mental das pessoas é ridícula, é emburrecedora. parece um monte de criancinha dedurando uns aos outros pra professora e só ganha ponto positivo os robozinhos que entoam o mantra do politicamente correto. não nos deixa tomar contato com os diversos assuntos que nos rodeiam, por serem eles proibidos, ou tentar impor uma única forma de pensar é facista (taí outra palavra que foi esvaziada de sentido, já que tentam abarcar tudo que é ruim nela).


E assim, tentando desenraizar preconceitos, outros vão sendo criados. saímos de ideias formadas de antemão caímos em outras. tentando fugir da intolerância, parece que nos aproximamos mais ainda dela. o articulista helio schwartsman citou uma frase interessante de chomsky sobre este assunto, de uma maneira que ainda não tinha parado pra pensar:  "Se você acredita em liberdade de expressão, então acredita em liberdade para exprimir opiniões que você não gosta. Stálin e Hitler, por exemplo, eram ditadores favoráveis à liberdade de exprimir apenas opiniões que eles gostavam. Se você é a favor da liberdade de expressão, isso significa que você é a favor da liberdade de exprimir precisamente as opiniões que você despreza". é este o desafio, mais do que falar o que se quer é ouvir o que não se quer. mesmo que sejam comentários dispensáveis ou piadinhas bobas.

P.S.: é como disse nando reis, "hoje em dia nenhuma rádio tocaria 'Atirei o pau no gato' com medo de acusarem de anti-felinos".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

22/05

um tempo sumido e agora um ano mais velho...
sim, essas contagens de tempo me impressionam, me fazem pensar (e escrever). quem der uma fuçada pelas linhas anteriores vai perceber isso.
é sempre a ideia (um tanto assustadora) da areia do tempo escorrendo pelas mãos e a gente indo, indo, sem saber muito bem pra onde. um acúmulo de incertezas, lembranças e esquecimentos.

mas não é sobre isso que quero e devo falar agora. a hora é de agradecer as pessoas presentes, as horas passadas, as boas risadas, os abraços sinceros (de quem estava sumido e de quem está sempre por aqui)... vocês sabem, tudo isso faz muito a diferença.
e agradecer mais ainda quem te tira da cama logo cedo num domingo e ainda te faz gostar disso. quem, por um momento (e por muitos) te faz sentir a pessoa mais especial do mundo e isso se traduz em tudo, numa coxinha, num café ou num "eu te amo".
é o que sei, que este é o momento de prestar atenção na pequena felicidade (simples, quase óbvia) que se consegue construir num dia qualquer (como ontem, por exemplo). percebe?

e se alguém não é capaz de captá-la, só posso lamentar... talvez essa vida seja um pouco mais chata e difícil de viver...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

sobre uma banda


puxa, bem uns dez anos que eu me considero um curioso por música e acredita que ainda não tinha parado pra ouvir ramones com a atenção que eles merecem? um pouco por pé atrás mesmo; bandas e músicos assim, muito acima de qualquer suspeita, acabam entediando e cheirando a charlatanismo, já que muita gente diz que gosta, paga de camisetinha por aí e nem sabe o que é.

claro, impossível não conhecer meia dúzia de música deles, afinal são a influência de dezenas de bandas da atualidade, mas foi a primeira vez que peguei um cd específico e ouvi algumas vezes do começo ao fim. no caso o rocket to russia.

ah, eu achei bem legal, mais até do que pensei que acharia... o som deles me passou uma certa espontaneidade e ingenuidade juvenil (estão mesmo preocupados em se divertir), talvez porque seja bem direto, cru, com um alto astral e uma energia autênticas. bem à moda punk mesmo, mas talvez menos pretensioso (na temática das músicas e na postura dos caras) que o the clash, sex pistols ou dead kennedys, por exemplo. ainda vou ouvir mais, procurar alguns outros cds, mas a minha primeira impressão foi bem positiva.

"Do you, do you, do you, do you wanna dance?"

quarta-feira, 27 de abril de 2011

182 dias

seis meses atrás era quarta-feira também... dia normalmente bem sem-graça (meio de semana!), mas com certeza menos quando recebemos convites inesperados à 1 da tarde. ou quando passamos a tarde ansiosos pela noite... será que você consegue se lembrar de cada detalhe? do que foi dito e do que ficou subentendido?
puxa vida, um piscar de olhos e lá se vão seis meses. quanta coisa mudou! quanta coisa ainda vai mudar (tenho certeza).
hoje também é 27, também é quarta-feira. mas quando der 1 hora eu que vou ligar pra você.

(é como eu disse antes, parece que foi ontem, parece que foi sempre...)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

sobre umas bandas...

ouvindo frequentemente um tal de the drums...
nunca tinha ouvido falar dessa banda, até saber que eles tocaram aqui em são paulo (e agora sei que são definidos como indies e são de nova iorque). como sou curioso baixei uma músicas (sei lá, talvez o nome tenha me chamado a atenção). não saberia definir muito bem ou tecer comentários sobre o som deles. no máximo que o som deles é bonitinho, tem um toque dançante, com uns arranjos animadinhos, meio anos 80 (e agora procurando coisas na internet descobri que os comparam com the smiths e joy division). destaque para let's go surfing e don't be a jerk, johnny.

...

tem também o holger, banda nacional ainda mais desconhecida (até porque é nacional...). baixei o cd deles, "sunga", confesso que achei um pouco estranho no começo, mas depois, no dia seguinte, deu vontade de ouvir de novo e de novo...
eles cantam em inglês, tinham tudo pra cair num som pasteurizado, mas tem uma sonoridade bem própria. as músicas são contagiantes, a bateria, na maioria das músicas se destaca (podem prestar atenção nela, quase sempre numa levada mais solta, menos rock) e ajudam a dar um clima meio "festivo" às músicas. juntando a isso riffs de guitarra espertos e bem construídos (muitas vezes de maneira original) e um baixo "presente", chega-se num resultado diferente (no qual se percebem muitas influências, ainda que seja difícil de identificá-las de todo) e muito agradável.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

algumas linhas sobre "50 anos a mil"


tem um tempo já que eu li esse livro, nem sei por que agora que resolvi escrever um pouco sobre ele. aliás, por que não escrevi antes? gostei muito, me fez admirar ainda mais o lobão e passei um bom tempo me divertindo com seu meio século de aventuras. o cara com certeza foi e é um porra-louca, polêmico, não poupa nada, nem ninguém, fala o que pensa (e geralmente são coisas muito interessantes, que se eu não concordo, pelo menos valorizo pela contundência e a coragem).

como toda biografia (as que eu conheço, pelo menos), essa conta a história do cara desde a infância até os tempos mais recentes. confesso que me interessei mais pela parte que trata especificamente do momento em que a música começa a fazer efetivamente parte da vida dele. histórias familiares, com exceção dos escândalos e dos absurdos parecem distantes e pacatas, aindas que de suma relevância para quem conta. interessante também notar como uma pessoa a princípio tímida e retraída, vai se tornando mais expansiva, rodeada por pessoas, atuante e envolvida em projetos.

aliás, como a vida dele é cheia de capítulos intensos! assim, de cabeça, lembro dele narrando quando deu uma surra enorme no pai dele, o relacionamente problemático e as tentativas de suicídio da mãe (e a derradeira, bem sucedida), seus dias na prisão (preso por porte de drogas), as amizades e encontros com figuras ímpares, as suas próprias tentativas de suicídio, a vida boêmia e intensa (regada a muita droga)... enfim, muitos "causos" que já se perderam nesses meses desde que terminei de lê-lo, mas que fizeram crer que realmente seus 50 anos foram a mil.

incrível como a trajetória dele como músico é um bom pedaço da história da música brasileira e do rock principalmente. fez parte do Vímana, banda com, entre outros, Ritchie e Lulu Santos; ajudou a fundar a Blitz (e pulou do barco antes de seu estrondosso sucesso), se apresentou no rock in rio, tocou com muita gente interessante, peitou a indústria fonográfica (defendendo a criminalização do "jabá" e pela numeração dos cds), se aventurou pelo mercado da música independente (inclusive com um projeto que eu gostei muito enquanto durou que foi a revista outracoisa, que lançou ótimos cds como do bidê ou balde, cachorro grande, b negão, wander wildner, plebe rude e do próprio lobão) e claro, teve, desde 1982 até agora um carreira solo muito profícua e sólida (se não tanto mercadologicamente, o que nunca foi seu forte, pelo menos na composição e produção de novos discos).

claro que isso, da minha parte, é também uma opinião de fã. tirando os grandes sucessos (dos quais eu gosto, mas acho menos interessantes em comparação com o que veio depois), acho muito bom o que ele produziu na sua fase independente. o primeiro cd que eu ouvi com afinco e empolgação foi o "canção dentro da noite escura", de 2005. depois dele vieram o ótimo, mas espantosamente mal sucedido em vendas, acústico mtv (acho que de 2007), um ao vivo, que não me chamou muito a atenção e o "a vida é doce" (com toques de música eletrônica, que a princípio não me agradam muito, mas que nesse caso corroboraram para um clima pesado e sofrido em músicas como na que dá nome ao cd), comprado num sebo por aí. por fim, curioso pelo que li sobre a composição e produção dos cds (e com a facilidade de se baixar os cds inteiros da internet) tive curiosidade de ouvir coisas mais do início da carreira ("cena de cinema" e "ronaldo foi pra guerra"), que sinceramente me soaram datados e não chegaram a me empolgar (quem sabe numa próxima ouvida...). o último que eu baixei foi o "uma odisséia no universo paralelo", de 2001. esse sim me pegou de jeito.

ah, era pra falar mais sobre o livro em si, mas como se trata de um músico, nada mais natural casar o que se lê com o que se ouve. ainda assim, e para além de seus "dotes musicais" (que talvez não tenha tantos adeptos por aí), vale muito frisar a sacadas geniais (e engraçadas) do cara, que tem uma língua enorme e atira pra todo lado, sempre com fundamentos. gosto muito de ouvir a opinião dele sobre diversos assuntos, porque, mesmo que eu discorde dele, o acho inteligente, bem articulado e dou muita risada de sua irreverência e do teor cáustico de suas colocações (como em relação aos novos nomes do rock nacional, por exemplo). procurem no youtube que tem um monte de coisa.

fica por último uma frase do livro dele que eu gostei muito e resolvi pegar pra mim (e que espero que possa me acompanhar vida afora): "(...) o melhor ainda está por vir". acho que não poderia haver maneira melhor de amarrar uma biografia do que com essa frase... afinal, nada de considerá-la encerrada antes da hora, mas sim na expectativa de que os melhores capítulos são que virão a seguir.

segunda-feira, 28 de março de 2011

alguma linhas bobas sobre um e-mail em power point

Normalmente eu costumo apagar direto os spams que recebo por e-mail, em especial esses com mensagens de auto-ajuda, espirituais, de "amor e luz" e blá blá blá. Tudo muito tosco, mal-feito, inoportuno e piegas pro meu gosto... Mas, puxa, dessa vez eu recebi um que eu achei muito legal, por casar com muita coisa que penso, quase que diariamente, sobre a vida (a minha especificamente). É um cara supostamente entrevistado pela revista IstoÉ, não chequei a veracidade, até por que não me importa.

"Pergunta: Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus, isso é verdade?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade: A primeira, é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, ou por não ter comprado isto ou aquilo, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida. Todos, na hora da morte.... "dizem se arrepender de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.”... aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas”.

Eu penso exatamente assim sobre essas quatro "loucuras" e me impressiona o quanto uma está tão intimamente ligada à outra. As pessoas de forma geral adoram considerar e impor uma única maneira de agir e se comportar (o jeito "certo") e normalmente ele passa por ter sucesso e comprar muitas coisas, com o objetivo (suposto e vão) de ser "feliz", como se a vida fosse um caminho reto, pré-definido.

Quem acompanha minhas postagens há algum tempo sabe o quanto esses assuntos rondam meus pensamentos e o quanto eles me incomodam... ninguém é feliz porque tem sucesso, ninguém é feliz por poder comprar muitas coisas e definitivamente, ninguém é feliz todos os dias (ainda bem!). Essa vida que querem nos vender não existe e no máximo vai nos fazer perder o tempo em que poderíamos aproveitar as nossas próprias e nos tornar infelizes e desgostosos pelo que não temos, por mais que consigamos coisas estaremos sempre em busca de algo mais, que não está lá e por isso é inalcansável... Acredito, como foi colocado acima, numa coisa muito menor, mais palpável e recompensadora. Acredito na pluralidade de caminhos, todos eles por descobrir, passo a passo (aquela coisa clichê, mas tão verdadeira de "o caminho se faz ao caminhar"). Acredito na imensa felicidade que contém momentos triviais, que poderia passar desapercebido no turbilhão do dia-a-dia; uma tarde no cinema, um jantar agradável, uma mesa de bar, acordar ao lado de alguém especial, a sensibilidade de poder desfrutar a parte que nos cabe da melhor maneira... enfim, não quero soar sentimentalóide (comercial de margarina!), mas é isso. Pra saber que, por mais que coloquemos para nós um objetivo e lutemos para alcancá-lo, não é isso que vai nos tornar plenos, satisfeitos, não nos tornaremos pessoas melhores asssim (se é que é esse o objetivo).

E que fique claro que não significa que eu não dê importância às coisas que podemos comprar ou aos benefícios em ter uma vida bem sucedida (seja lá o que isso signifique e ainda acho que pra cada um signifique uma coisa).Sei lá, ainda tem muitas coisas que eu espero poder desfrutar e que eu possa proporcionar às pessoas que eu gosto, muitas delas materiais ou que dependem de uma condição financeira razoável, mas de maneira nenhuma é isso que me move, não é o que eu espero levar da vida e nem quero que seja essa a imagem que as pessoas façam de mim. E mais além, que eu tenha paciência e discernimento pra saber superar momentos infelizes que eu sei que terei, justamente pra poder valorizar o que vier de felicidade...

quarta-feira, 23 de março de 2011

preciso te contar uma coisa

, é que tem horas que eu simplesmente não sei o que dizer, nem como, aí eu me calo. ou arrisco alguns assuntos superficiais.
na verdade eu tenho muito o que falar, mas eu guardo, por princípios,  pudor ou preguiça. há ouvidos e ouvidos, cabeças e cabeças... e pra algumas eu simplesmente não gostaria, não faço questão de dizer o que penso (ou dispenso todo o trabalho). pra essas ocasiões eu tenho sempre um sorriso amarelo e um leve balançar de cabeça.

mas pra você... pra você eu arrisco, me exponho, entrego ingenuamente meu melhor e meu pior (na expectativa de que seja o melhor que se sobresaia). inundo teu ouvido com uma infinidade de palavras, um desencontro de ideias, opiniões e pensamentos (e piadas, claro). e como uma criança, preciso da tua aprovação, preciso que você escute, inclusive com os olhos, as bobeiras que eu tenho pra dizer e que pra mim são muito importantes (preciso que você diga que meu desenho é bonito!). preciso que você me admire e me ache uma pessoa especial... mesmo eu sendo só mais um.
veja bem, meu bem, eu não quero SER uma pessoa especial, mas queria parecer assim. que você fosse cega o suficiente pra me achar especial...
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sabe como é, né?

quinta-feira, 10 de março de 2011

veja bem, meu bem

"(...) Se felicidade é brinquedo? Em potencial talvez seja, mas que graça haveria num brinquedo que já contém em si toda a brincadeira?
Eu quero agir, movimentar, montar, mexer (com você, em você).
É brinquedo nas mãos de gente grande (nas minhas, nas tuas), essa gente que perde o jeito da coisa... e será que nós ainda sabemos brincar? E ver encanto em uma bolinha de sabão, graça em andar sem pisar nas linhas dos desenhos das calçadas, e se divertir pulando em uma poça d'água, e se molhar, e tudo bem se isso acontecer. Será que conseguimos?
Afinal, não é isso mesmo que o brinquedo vende? A brincadeira, a felicidade em se brincar... (...) brincar de construir, blocos de montar, peça por peça, cuidadosamente para não desabar, e se acontecer, paciência, sentar e construir tudo de novo.

Já havia escrito isso há alguns dias, porém pareceu-me muito acertado voltar aos rascunhos e reorganizar, e voltar a pensar, e fazendo isso percebi que tudo vem muito ao encontro do que conversamos outro dia (conversa calorosa), de valorizar as coisas pequenas, as possibilidades, e achar graça nisso, e não cobrar tanto de si e dos outros para que as coisas sejam mais do que podem ser, essa mania de gente grande (e tola) de querer sempre mais, e as vezes perder o encanto, talvez singelo encanto, daquilo que é fundamental, e por assim ser, passa desapercebido.
(...) É assim que deve ser, é assim de há de ser comigo, com você, e esta certo, pois é isso, é fundamental.
E que a gente continue "se brincando".
(e muito mais...)"

* excertos de uma carta encontrada dentro de uma garrafa à deriva no mar ou de frases pixadas pelos muros da cidade ou psicografadas por um médium ou ainda rabiscadas nas linhas de um caderno (ou será que eu sonhei?)... vai saber.
a autoria talvez eu saiba, mas não ouso dizer... e o que ela sabe que eu não sei?
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"Felicidade...felicidade é brinquedo, é um quebra-cabeça espalhado no teu corpo, tua boca, teu gosto, as palavras, os sorrisos, os olhos, o olhar, a pele, os cravos, os pelos, o cheiro, o formato dos joelhos quando está sentado, teu jeito de andar, de falar, de pensar, de fazer...
A junção de todas essas peças...você...e talvez também a peça que me faltava..."

sigo assim.

sexta-feira, 4 de março de 2011

repisando folhas mortas

“Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cale-se!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cale-se!)

“Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cale-se!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno”

(C. Buarque)
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há infinitas maneiras de viver e de morrer... que eu invente as minhas.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

algumas linhas sobre "cisne negro"

confesso que fui assistir a esse filme com um pouco de preguiça, achando que não corresponderia as expectativas que muitos comentários me fizeram ter. o fato é que não sabia o que esperar, mas o que eu encontrei foi de tirar o fôlego.

o grande tema aqui é a busca obssessiva pela perfeição, reinventar-se, ultrapassar limites fisicos e psicológicos em favor da arte e o processo doloroso e auto-destrutivo que isso se torna. Mais ainda, a beleza estética e artística está muito mais próxima do que se imagina do horripilante, do insano. Sem querer entrar em detalhes quanto ao roteiro, o cisne negro representa de certa forma o oposto de Nina (e do cisne branco presente também no balé e no filme) e para ela, assumir tal papel é também deixar de ser quem ela é.
 
a história  tem uma atmosfera constantemente tensa e assustadora, que incomoda e absorve. parece o tempo todo que algo está para acontecer. me senti realmente imerso na psicologia da personagem principal, com suas angústias e obsessões no espaço sufocante no qual ela se insere (a extrema cobrança de si mesmo em ser perfeita, a inveja das outras bailarinas, a vida que se resume entre casa e o balé, uma mãe superportetora...). e acho que é desnecesário dizer que a natalie portman tem uma atuação empolgante.
 
enfim, há uma infinidade de pontos que eu nem de longe toquei aqui (a sexualidade de Nina e sua relação com os outros personagens, principalmente Lily e o Thomas, o diretor, por exemplo), mas fica aqui o registro de quanto o filme me absorveu.

(ah, a cena em que ela finalmente dança o cisne negro é simplesmente maravilhosa, arrepiante!)
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"eu senti. foi perfeito."

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

de um outro dia...

sento-me mais uma vez,
torno a escrever.
são espasmos, ficções,
a dor na alma que eu inventei,

eu próprio, sou ficção e tenho frio...

haverá calor caso friccione a ponta do lápis contra o papel?
tornar-me-ei humano?
poderei encará-lo frente a frente,
chamá-lo de amigo?

silêncio!

calem-se em mim todas as vozes.
pus a escorrer da alma inflamada,
doença que se renova no desengano
aquietem-se, perguntas mal formuladas,
anseios deturpados do existir e crer em si
gosto de ter (não ter) e achar graça

sei que não escaparei com vida
não é o que pretendo,
trair meus companheiros, jamais!
talvez agora valha mais um ombro
a vontade de ser comum, extramente terno
um gesto que fosse valeria mais...

quero silêncio!
não se diga nada.
mantenha o segredo.
não, de mim nunca se saberá
jamais,
adeus...

cedo minha vez ao próximo
contento-me com o não-dito
vou-me indo, passando
desapercebido
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"as vidas são muitas"

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

peraí um pouco...

dormi e acordei pensativo, mas não sei direito o que pensar... de certo  um gosto amargo de algo que não me caiu nada bem.
estou me sentindo profundamente incomodado. é ridículo! repugnante! 
ficar remoendo palavras, imaginando cenas, tem me deixado de estômago embrulhado e com a cabeça pesada.
exagero? não! de maneira nenhuma. troque datas e nomes, troque as pessoas envolvidas e veja se você não fica pelo menos enojado... o mínimo que eu posso fazer é me indignar, achar isso uma merda.
desculpa, dessa vez nada de contemporizar... 
como tem gente filha da puta nesse mundo!
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como tem gente doce nesse mundo!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

a desarmonia dos contrários

há em mim um pêndulo incessante que oscila entre um sentimentalismo profundo e nostálgico e a descrença geral, pura e cínica. às vezes uma simples frase me faz querer chorar, comovido. outras, qualquer percalço da vida (um coração despedaçado ou um genocídio) me soa como muito corriqueiro e natural; expressão por excelência do que há de humano (desumano?) em nós...

hesito, atordoado, como se fosse dois, entre o racional e o non-sense. em alguns momentos sinto tudo cair sobre minhas costas, um peso que mal consigo suportar, condensação de uma melancolia da qual parece se constituir minha alma, o universo e a experiência que temos dele. a desventura na qual somos todos companheiros. em outras, veja só, me sinto um bufão a exaltar o niilismo e a rir de toda e qualquer imagem que fazemos de nós mesmos e do mundo, das perguntas e das respostas (esqueça-as todas!). a ausência de sentido, o caos por essência e a nossa hipocrisia delirante tentando estabelecer um mínimo de ordem e lógica...

sinto que ando o tempo todo em areia movediça e se por um momento paro e penso ser possível construir meu castelo de certezas, logo percebo que não há terreno confiável, não há base sólida que possa me sustentar... e sigo, sempre, entre dormente e eufórico, numa eterna e desgastante ambiguidade que a primeira vista parece unir os opostos que suponho me constituir (não será isso também uma mera alucinação?), sem saber exatamente que esperar.
de mim.
do resto...
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Que droga foi que me inoculei?

Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio, nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante -
Manhã tão forte que me anoiteceu.

(Mário de Sá-Carneiro)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Se eu existo, logo Deus deve existir também. É uma gentileza que eu faço com um desconhecido.”

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me parece razoável...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

do ano que passou

puxa vida, mais um ano se passou...sei, não poderia ter escolhido frase mais desgastada e repetida do que essa para começar a escrever. mas de fato, me surpreendo (sempre) com a veloz sucessão dos acontecimentos, que eu quase não consigo alcançar e com a constante nostalgia que me assola e me comove. ainda mais se paro pra pensar restropectivamente, como agora, no começo de um novo ano. afinal é areia que temos nas nossas mãos e assistimos atônitos ela cair como chumbo ante nossos pés...

e muita areia caiu... o sólido se desmanchou no ar diante dos meus olhos resignados e resolutos. o tempo das bicicletas voadoras e do céu vermelho passou (será que já não tinha passado há muito tempo?)... um misto de  lamento raivoso e desvario se formou em mim e a "certeza da incerteza" me fez rir e descrer... "o que era refúgio, tornou-se armadilha". mas quando quiseram me pegar eu não estava mais lá (apesar de ter sido por um triz).

houve um momento profundo de depuração, de confiar somente nas próprias pernas, no movimento e no equilíbrio que elas trazem. pude me reescrever, sentir o que era alegria e o que era tristeza. abraçar ambos num gesto egoísta como exclusivamente meus, sentí-los como a sustentação do que eu poderia ser em cada um dos momentos que passei.

fez-se uma breve pausa para a música alta, para o copo cheio (até a borda), para o corpo sôfrego. tudo ao mesmo tempo agora. deixar-se estar. ficar e partir. me partir em quantos fosse possível. deixar estilhaços desse coração pequeno e roto em quantos lugares fossem possíveis, para pessoas que talvez não saibam que o carregam consigo (e que se soubessem talvez preferissem não carregá-lo). por sorte, meus sorrisos (os sinceros e os amarelos) encontraram companhia em muitos outros sorrisos...

mas, sabe, o melhor eu ainda não contei: fiquei fascinado pelo sol e passei a acordar mais cedo, na expectativa de poder vê-lo nascer. todos os dias, até nos nublados. e no meio de tanta gente eu me perdia a olhá-lo curioso. eram minutos curtos mas resplandecentes. até me fizeram querer que fosse sempre sol. quase um heliófilo! e de fato, numa noite dessas em que não pude dormir, o vi nascer no meio da noite, quente, vigoroso. me senti tocado profundamente e não anoiteceu mais... agora percebo que ainda há motivos pra "querer começar tudo de novo, tropeçar nos próprios pés, mas ter a certeza de sempre ir em frente". caminhando, lento. daqui até a lua.

enfim, sem mais divagações grosseiras. sei lá, acho que só queria frisar esse momento de renovação,  ainda que somente por convenção do calendário (eu sei, no fim é tudo sempre igual...).