sexta-feira, 25 de novembro de 2011

todo mundo sempre tem algo de importante a dizer...
às vezes eu grito junto, outras eu me calo.
o fato é que me impressiona essa quantidade enorme de opiniões desencontradas, baseadas em informações incompletas, fatos duvidosos, convicções sisudas e inflexíveis.
as conclusões quase sempre são precipitadas. lê-se o título e já tem-se uma opinião formada sobre o texto todo.
e olha que não estou tirando meu corpo fora. estou disposto a dar a cara a tapa, rever meus pontos de vista e expô-los a (auto)crítica. não porque eles sejam frouxos, mas sim porque não são absolutos.
tenho minha opinião e gosto de tê-la como forma de me posicionar no mundo, como ponto de partida e não de chegada. pensar coisas faz com que eu exista, compartilhá-las num processo duplo de falar e ouvir me torna humano.
acho que deveria ser assim. a política por exemplo, não deveríamos pensá-la de forma tão maniqueísta, entre pares opostos... isso nos torna muito mais vulneráveis a nos deixar levar de maneira ingênua por ideias que não são realmente as nossas. ou pior, justificamos condutas que não aprovamos pelo simples fatos de terem sido postas em práticas por um grupo pelo qual temos simpatia ou que carrega uma mesma bandeira que (julgamos ser) a nossa.
só aceito polarizações radicais no futebol (e ainda assim para fins lúdicos). no mais, acho que há tantas nuances e detalhes escorregadios em qualquer acontecimento que é quase impossível resumir sua opinião num mero "concordo" ou "discordo" e condenar todo o resto à fogueira...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

pra não esquecer (excertos)

meu:

LEMBRAR-SE

Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nacido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva.

(Clarice Lispector)

dela:

A EXPERIÊNCIA MAIOR

Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.

(Clarice Lispector)


p'ra ela:

QUEM ELA ERA

- (Eu te amo)
   - (É isso então o que sou?)
   - (Você é o amor que eu tenho por você)
   - (Sinto que vou me reconhecer... estou quase me vendo. Falta tão pouco)
   - (Eu te amo)
   - (Ah, agora sim. Estou me vendo. Esta sou eu, então. Que retrato de corpo inteiro)

(Clarice...)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

pra não esquecer

doze meses e lá se vai um ano...
muita coisa, eu sei, vai cair num buraco escuro de esquecimento... fatos pra sempre perdidos (a gente sempre esquece datas e nomes...). não lamento, porém. não estão tão perdidos assim. eu sei, por certo, que tudo que eu vivi e esqueci faz parte de mim de alguma forma e para sempre. eu não vou saber dizer, mas vou sentir. não vou conseguir explicar, mas você vai entender.

ainda assim eu gosto e tento lembrar de tudo. procuro sempre capt(ur)ar o momento. numa foto, numa frase. evidências de que eu estive ali... todas as sensações misturadas: um cheiro que me faz sentir em casa, um som que remete àquele dia, um gosto que faz com que eu queira mais... passar a limpo, saber apreciar o que foi bom, agradecer as oportunidades. sim, porque me espanta a ideia de que nada precisava ser assim e poderia não ter sido! e dá medo pensar nas coisas dessa forma. e faz com que eu me sinta privilegiado em saber que por doze meses (até agora) eu pude ter você ao meu lado, a sua dedicação, sua companhia, os seus cuidados...

e mesmo sem perceber vou inventando uma história que de tempos em tempos paro pra contar pra mim mesmo (e para quem quiser ouví-la). uma colcha de retalhos que se forma das nossas vidas. coisas (muitas) que eu não esqueço nunca!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

escrevo do lado de cá ainda, quando uma grande coisa vai acontecer, mas ainda não aconteceu, então só dá pra imaginar como será...

ir morar em outra casa, na minha, sozinho, o único responsável para resolver todas as coisas, pagar as contas, comprar o que é necessário, limpar, cuidar, providenciar, é algo que eu espero já há alguns anos. faço planos, faço contas e agora boto a mão na massa, mas acho que eu vou estranhar muito. chegar em casa no fim do dia e ver que tudo está exatamente do jeito que deixou, não ouvir barulhos, nem conversas deve ser estranho de início.

claro que sempre fica um sentimento de saudade de tudo que fica pra trás, afinal, as coisas nunca mais serão como foram até então (e olha que foram boas), mas chega uma hora em que é necessário mudar, expandir, querer mais, experimentar coisas novas. enfim, seguir em frente.