terça-feira, 29 de julho de 2014

legal mesmo era no tempo da videolocadora...

sim, este é um texto saudosista, daqueles que, de maneira absurda e pouco convincente, acabam celebrando hábitos passados que, se comparados com o que temos atualmente, mostram-se dificeis e rudimentares.

hoje em dia temos um acesso super facilitado a quase todo tipo de filme. com alguns cliques e um pouco de boa vontade pode-se acessar, legalmente ou não, de lançamentos a clássicos perdidos, de blockbusters hollywoodianos a obscuras produções independentes. o intercâmbio de obras cinematográficas não conhece mais praticamente nenhum obstáculo. milhares de títulos de todas as épocas e todas os países a disposição de qualquer um. isso pode soar como um sonho para toda pessoa que gosta de cinema, inclusive eu, mas não consigo deixar de pensar no quanto as coisas acabam se tornando banais e menos interessantes e confesso que já me peguei sentindo falta de como era assistir filmes em casa há umas duas décadas atrás.

para quem não sabe, nos anos 90 as videolocadoras eram muito populares (me imagino explicando isso para os meus filhos...). tinha praticamente uma em cada esquina. eu era criança nesse tempo e me lembro o barato do ritual de ir com minha família até a que tinha perto de casa e andar demoradamente por aquelas prateleiras repletas de opções. pequenas caixas de plástico das quais eu raramente tinha mais conhecimento do que vinha escrito na capa e no verso. era praticamente contar com a sorte levar uma daquelas fitas, já que capas bonitas e filmes com nomes interessantes poderiam trazer verdadeiras bombas. enfim, o fato é que, de maneira bizarra eu (e minhas irmãs também) alugávamos muitas vezes os mesmos filmes. e não adiantava minha mãe querer argumentar "mas filho, esse já passa direto na televisão" ou "esse você já cansou de assistir". acho que pra criança tão ou mais legal do que a novidade seja ver e rever tanto quanto possível as mesmas histórias.

tinha também aquele recorrente sentimento de decepção quando o filme que você queria muito alugar (pela décima vez ou não) já havia sido levado por outra pessoa. ou ainda meu esforço de convencimento para que minhas irmãs alugassem algo que do meu interesse, já que o combinado era um filme para cada um.

chegar em casa, colocar o vhs no videocassete, assistir aos trailers cheio de expectativas, após o término rebobinar a fita e no dia seguinte assistí-la novamente, já que teríamos que devolvê-la em breve... acreditem, tudo isso tinha o seu charme e era muito divertido. talvez quem tenha vivido essa época concorde. provável que quem não compartilhe dessas lembranças não veja graça nenhuma.

depois, quando o dvd surgiu e se popularizou ainda aluguei filmes mais algumas vezes, mas já não era a mesma coisa e na era da cópia digital e do dvd pirata já não fazia tanto sentido.

claro que sou satisfeito pelo jeito como as coisas são hoje em dia, sei reconhecer os benefícios da tecnologia e fico feliz de abrir um netflix da vida e ter dezenas de opções. os tempos mudam, às vezes rápido demais e a gente se adapta a eles, entre prós e contras. mas, ainda assim, tenho a sensação de que alguma coisa ficou perdida lá atrás, nos corredores das antigas videolocadoras.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"A solidão e a cidade"

"- (...) tenho um método totalmente involuntário. um gene budista que faz meus dias felizes não tão felizes e meus dias tristes não tão tristes.
- um termostato da alma."


ia falar sobre o filme como um todo, mas foda-se. fiquemos apenas com essa pequena definição de um certo tipo de gente com a qual me identifico e que a genética e buda explicam tão bem...