quinta-feira, 20 de setembro de 2012
a galera no mundo muçulmano está doida!!!
tenho acompanhado, ainda que superficialmente, toda a ensandecida onda de protestos em vários países muçulmanos (em sua totalidade ou em quantidade relevante). sudão, catar, afeganistão, paquistão, filipinas, iêmem, índia (região da caxemira). milhares de pessoas nas ruas, atentados, mortes, bandeiras queimadas, gritos de guerra, os libaneses do hezbollah conclamando para novos protestos. e tudo isso por causa de um filme de quartorze minutos!
tá certo, eu entendo que a situação é muito mais complexa do que a princípio pode-se supor. como disseram à exaustão, retratar maomé de maneira tão perjorativa como foi feito é um pecado gravíssimo. caracterizaram-no no filme como um mulherengo, homossexual, molestador de crianças, tolo, falso religioso e sanguinário. satirizar o profeta deles é quase como satirizar toda a população, em suas crenças, costumes e identidade. é quase uma declaração de guerra.
entendo também que o histórico da relação com o ocidente (especialmente os EUAl) é desastroso e que qualquer faísca faz tudo ir pelos ares na região. boa parte da população tem um forte sentimento anti-americano bem arraigado e que todos nós sabemos muito bem por quê (basicamente uma política externa imperialista).
porém, mesmo ciente desses dois pontos, não posso achar tranquilo que o direito quase sagrado de liberdade de expressão seja cerceado simplesmente por que alguns grupos achem que outras pessoas não devem se comportar daquela maneira. elas tem todo direito de estabelecer condutas no interior de seu grupo (ou seja, quem é muçulmano deve seguir os preceitos da religião) e acho até aceitável que o estado, baseado em sua soberania e em suas leis proibam certas condutas. nada de novo até aí. porém não posso concordar que pessoas morram e que se crie um profundo mal-estar mundial por causa da porra de um filme de mau gosto. as leis deles devem servir para eles, devemos respeitar, assim como deve-se respeitar que em outros países as coisas funcionem de maneira diferente.
maomé é sagrado para os muçulmanos, assim como outras religiões têm seus símbolos sagrados, mas ninguém pode querer que o restante do mundo os considere igualmente sagrados e digno de interdições. uma coisa é respeitar o povo, sua cultura e religião, outra bem diferente é querer que eu daqui, compartilhe das mesmas ideias e das mesmas crenças. as pessoas por aí criticam e satirizam jesus cristo, moisés, o papa e o diabo a quatro e deve ser assim, por que é também legítimo o direito enquanto ser humano de se expressar, de criticar, de me posicionar de forma diferente, por mais que se considere o que se diz de uma imbecilidade absurda. as réplicas e os contra-ataques devem estar sempre no plano do diálogo, da opinião pública e de atitudes ponderadas.
e ontem uma revista francesa lançou uma edição cheia de charges retratando maomé. o governo francês está morrendo de medo da reação dos fundamentalistas. eu pessoalmente acho válido o lançamento da tal revista, apesar de questionar o oportunismo do momento.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
sobre o "nó na orelha"
o cd do criolo é bom para caralho!
digo isso após ouví-lo pela quarta vez... nem precisava tanto.
no fim da segunda música eu já tinha certeza disso e até o fim ele não me decepcionou.
nunca ritmo e poesia fizeram tanto sentido pra mim, me pegaram de jeito.
letras fortes, poesia inspirada, misturas musicais empolgantes.
indiscutivelmente um nó na orelha.
______________________________________"são paulo é um buquê
buquê são flores mortas
num arranjo lindo
arranjo lindo feito pra você
não existe amor em sp"
"vamos as atividades do dia:
lavar os copos, contar os corpos e sorrir"
"cientista social, casas bahia e tragédia gosta de favelado mais que nutella"
domingo, 2 de setembro de 2012
mês nove
"Mas vem junho e me apunhala
vem julho me dilacera
setembro expõe meus despojos
pelos postes da cidade
(me recomponho mais tarde,
costuro as partes, mas os intestinos
nunca mais funcionarão direito)"
(Gullar, Ferreira)
___________________________________
setembro... ah, setembro.
vem julho me dilacera
setembro expõe meus despojos
pelos postes da cidade
(me recomponho mais tarde,
costuro as partes, mas os intestinos
nunca mais funcionarão direito)"
(Gullar, Ferreira)
___________________________________
setembro... ah, setembro.
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