quinta-feira, 22 de novembro de 2012

a janela em frente me convida ao pulo
queria antes um beijo de boa sorte...
se eu voltasse com vida, seria outro homem
pularia o seu portão, te amaria no seu quintal

talvez você durma a essa hora
ou chore baixinho, com medo do escuro
do alto do nono andar quase posso te ver
com a luz do corredor acessa...

a conversa animada agora se foi
eu sou o antigo, mas me rastejo no presente
acho que eu só queria compaixão e desprezo
o pouco que eu valho, daria pra você contente

há um adeus na palma das mãos
vazias, ensaiam a dissolução do corpo
esfregá-las não adianta...
não adianta sabão, nem lâmina

uma ideia fixa, um gosto vazio na boca
alguns pontos luminosos lá embaixo
o cálice de vinho, amigo que não se foi
juventude sônica fazendo cócegas no meu ouvido...

caralho! eu tento evitar
mas a janela em frente que me convida ao pulo...
por sorte eu tenho o costume de ficar,
até os créditos finais...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

a palavra é um verme
branco e vivo
que rasteja desprezível

onde há um, há muitos
e se apegam, patéticos,
à realidade perecendo

o cheiro da vida em decomposição
é o cheiro da palavra
impregnado nos jornais e nos homens
(até então burgueses e sadios)

há que se comer o verme
com o merecido nojo.
gosma na garganta, ânsia

e adorar o verme
como solução possível
pra que eu não viva sempre
(e não me torne estéril)