há quem diga que carbono e amoníaco é uma dupla sertaneja underground. ou personagens de algum obscuro seriado americano dos anos 80. também já ouvi falar que se trata de pequenos trechos de uma vida em linha reta e previsível. ou alucinações quixotescas em lirismo repetido (como pão amanhecido) e passos comedidos.
um amigo, profundo conhecedor das coisas supõe que amoníaco seja "a parte que acha que fede mas pensa que isso é movimento critico" e carbono "a parte que acha que é inevitável pra sua própria vida". não ousarei colocar em dúvida tais palavras...
para um outro, conhecido de prateleiras, o carbono é um "elemento (número 6 da classificação periódica) representado pelo símbolo C, capaz de formar extensas cadeias de átomos, sendo um dos principais constituintes da matéria orgânica" e o amoníaco um "gás incolor, de cheiro intenso, sabor acre e com efeitos lacrimogéneos; gás composto de azoto e hidrogênio, que se encontra na urina e nas matérias em decomposição".
talvez seja tudo isso (e muito mais!). realmente tem efeitos lacrimogênios e está em decomposição, constitui a matéria orgânica e se acha inevitável à própria vida. quem viu por aí garante que toca violão, usa chapéu e canta em falsete. talvez seja mentira (uma mentira repetida). mas uma coisa é certa: a incerteza é parte, a multiformidade é parte e o manifesto desencantado (ou o desencanto como manifesto poético) também é parte.
cabe aqui ainda um observação pertinente para o momento: como é difícil terminar algo que não se sabe por que foi começado!
domingo, 31 de agosto de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
assim te quero:
leve,
sem delírios
nem tormentos.
que fale baixo e ore à deus
(temeroso do inferno
que há em nós,
e aqui).
breve,
como a vida de uma mosca
inconsciente
mas intenso.
desespera(nça)do,
mas contente
(com os dias de festa, ou os gols da seleção).
assim te querem,
sombra
dos seus melhores anos,
que disseram estar por vir
e que nunca viu chegar.
mas o preço ninguém paga
e se perguntam ninguém sabe.
leve,
sem delírios
nem tormentos.
que fale baixo e ore à deus
(temeroso do inferno
que há em nós,
e aqui).
breve,
como a vida de uma mosca
inconsciente
mas intenso.
desespera(nça)do,
mas contente
(com os dias de festa, ou os gols da seleção).
assim te querem,
sombra
dos seus melhores anos,
que disseram estar por vir
e que nunca viu chegar.
mas o preço ninguém paga
e se perguntam ninguém sabe.
"A força religiosa não é senão o sentimento que a coletividade inspira a seus membros, mas projetado fora das consciências que o experimentaram e objetivado. Para se objetivar, ele se fixa num objeto que, assim, se torna sagrado; mas qualquer objeto pode desempenhar esse papel. Em princípio, não há objetos predestinados a isso por sua natureza, com exclusão de outros; tampouco há os que sejam necessariamente refratários."
(Durkheim, E. As Formas Elementares da Vida Religiosa, pág. 238, Ed. Martins Fontes, 2003)
________________________
Adorar a Deus seria adorar a própria sociedade, enquanto ente anterior e superior aos individuos.
(Durkheim, E. As Formas Elementares da Vida Religiosa, pág. 238, Ed. Martins Fontes, 2003)
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Adorar a Deus seria adorar a própria sociedade, enquanto ente anterior e superior aos individuos.
"Se pergunte da necessidade de fazer o que você faz. Se o deixasse de fazer, morreria?"
não... não consegui pensar em nada que me sustente a existência. nada que, deixando eu de fazer, leve-me à morte. nenhuma pulsão incontrolável ou desejo alucinante. e suspeito que qualquer um que eu tivesse seria mera falsificação, deslumbramento fantasiado e distorcido. acabar me encontrando, medíocre, em manchas no colchão. num tédio mesquinho de quem supõe não estar no jogo, ou de quem joga displicentemente, rodada a rodada, simplesmente por jogar (ou por medo de perder?).
ainda que me agrade respirar (a sensação de estar vivo tem sua dose de comforto), acho pouco. porém, o que quer que eu fizesse, não levaria a sério...
ainda que me agrade respirar (a sensação de estar vivo tem sua dose de comforto), acho pouco. porém, o que quer que eu fizesse, não levaria a sério...
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conlusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem de moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Que mal eu fiz aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
[...]
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho!
Pra que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
[...]
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Álvaro de Campos/ Lisbon Revisited)
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conlusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem de moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Que mal eu fiz aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
[...]
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho!
Pra que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
[...]
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Álvaro de Campos/ Lisbon Revisited)
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