quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ao deslizar meus pés sobre sua superfície infértil (num misto de horror e fascinação), percebi que não te conhecia. E nem poderia. Ninguém! Na sua inconclusão definitiva, sempre reconstruída e reinventada (pelos estupros e carícias sucessivas), só o que (acho que) sei é o que acham os outros. Só o que sinto são os meus pés oscilarem entre o profano e o sagrado da tua carne cinza.

Grande demais (frágil!), sempre prestes a se desfazer. No seu coração de pedra, no seu deslumbres de concreto armado, no calor emanado do motor a combustão, na sua respiração urgente (medida em toneladas cúbicas de monóxido de carbono). No cálculo perfeito, na obscenidade dos papéis. Tudo é tão você!

Por um momento quase te sinto por inteira e experimento a sensação de fazer parte das suas entranhas e te abraço como quem se despede todo dia, pois tê-la sob os pés é um eterno até nunca mais...

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pensei que te entendesse...

2 comentários:

[solilóquio camiphili] disse...

interpretação minha ou eis sampa: uma prostituta na sarjeta?!...

fernando disse...

exatamente!
pensei que tivesse sido menos explícito (rs).
De qualquer forma, não diria que é uma "prostituta na sarjeta", mas antes uma dama de família prostituida por trocados...