quinta-feira, 13 de agosto de 2009




"(...)
E assim as muitas noites
parecem uma só
ou no máximo duas:
sendo a outra
a noite de dentro de casa
iluminada a luz elétrica
A noite adormece as galinhas
e põe a funcionar os cinemas
aciona
os programas de rádio, provoca
discussões à mesa do jantar, excessos
entre jovens que se beijam e se esfregam
junto à cancela
no escuro
e quando o tesão é muito decidem se casar
(menos, por exemplo,
Maria do Carmo
que entregava os peitos enormes
pros soldados chuparem
na Avenida Silva Maia
sob os oitizeiros
e deixava que eles esporrassem
entre suas coxas quentes (sem
meter)
mas voltava pra casa
com ódio do pai
e malsatisfeita da vida) (...)"



GULLAR, Ferreira. Poema Sujo, pág. 32. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008.
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a noite num poema sujo...

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