sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

143

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram,
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.


(Pessoa, Fernando. Poesia de Álvaro de Campos)
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Conhecer-se; ter a consciência de que não se existe.
Dois movimentos aparentemente contraditórios,
(Não se pode dar a conhecer algo que não existe).
Porém, esse não existir é o conflito entre o que se deseja para si e o que os outros impõem.
No fim não se é nem uma coisa, nem outra.
Dilema individualista, negação do que extrapola o "eu".
Fuga para dentro de si, não por crença, mas pelo que se nega, por cinismo.
Enfim... um cale a boca e deixe estar (é o melhor que se pode fazer).



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