quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sobre jogos violentos

Lembra daquele doidão que matou um monte de gente na noruega, um tempinho atrás? Então, no meio do monte de baboseira que ele escreveu, ele citou nomes de alguns jogos que ele jogava (call of duty, por exemplo). Disse até que ele usava esses jogos como parte de seu treinamento. bom, aí aconteceu o que todo sabe que aconteceria: os ditos "jogos violentos" foram recolhidos das prateleiras de algumas lojas!

Isso mesmo, você mata algumas dezenas de pessoas com uma arma de verdade, no mundo de verdade e são as armas de brinquedo, num mundo virtual que são proibidas! Tem alguma coisa errada... engraçado que eu não vi ninguém falar nada de, sei lá, de repente banir as ARMAS DE FOGO. Por mais utópico que possa parecer um mundo sem armas (ou pelo menos que elas fossem de uso mais restrito), faria mais sentido pra mim as pessoas fazerem o seguinte raciocínio: esse cara matou uma porrada de gente com uma arma, logo armas são perigosas (afinal, pessoas com distúrbios mentais podem ter fácil acesso a elas). Não, elas peferem pensar:  esse cara matou uma porrada de gente com uma arma e além disso jogava videogame, logo VIDEOGAMES SÃO PERIGOSOS. Ou indo mais longe, ninguém questionou o fato de ele ser um fanático religioso, afinal no nosso mundo maniqueísta religiões são boas e jogos são ruins, certo?

Acho que não preciso dizer que sou totalmente contra esse tipo de posição e acho ela absurda, ridícula, demagógica e burra. Ela erra em dois pontos: tapa o sol com a peneira e trata logo de arranjar um bode expiratório. é aquela velha história de flagrar sua mulher te traindo no sofá e... QUEIMAR O SOFÁ (afinal, sofás induzem à traição)! a violência simbólica sempre fez parte da nossa sociedade, brincar de matar, criar histórias violentas, inventar um papel diferente pra si mesmo (bandido ou mocinho) é tão antigo quanto andar pra frente. Livros, músicas, filmes, artes plásticas, teatro, história em quadrinhos, brincadeiras entre crianças, tudo isso tem sua dose de violência, porque tem são realizações humanas, refletem sentimentos, anseios, visões de mundo humanas.

Talvez se a opinião pública e os indivíduos em geral que tem alguma dúvida fizerem uma pequena pesquisa (pode ser no google mesmo), vão perceber que comportamentos violentos de uma pessoa ou um grupo de pessoas são ANTERIORES ao surgimento do videogame. É sério! Os seres humanos se matam sem motivos ou por motivos fúteis (ou por que deus falava com eles em sonho) já há alguns milhares de anos. Muito mais pessoas morrem atropeladas por motoristas inconsequentes do que assassinadas por gamers psicopatas, mas nem por isso os carros são proibidos.

E aqui não cabe uma discussão sobre se os videogames (e principalmente aqueles que simulam situações violentas) são bons ou ruins, isso não vem ao caso. Você não precisa jogar se não gostar. Você tem todo o direito de desencorajar as pessoas próximas a você a não fazer algo que você considera pouco sadio ou ofensivo aos seus princípios (de acordo com sua religião, sua ideologia política ou seus costumes). Você deve proibir ou instruir seus filhos, caso ache que aquele conteúdo é impróprio a eles. Mas você NÃO pode mentir pra si mesmo e pros outros ao afirmar que jogos violentos são a causa da violência. Ou, sendo mais específico, que o louco, fanático religioso, portando armas de fogo, sob efeito de drogas, matou um monte de pessoas porque jogava call of duty.

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