sexta-feira, 16 de março de 2012

autores cretinos de ideias estúpidas

estamos elegendo políticos sem o menor senso democrático, sem respeito aos direitos individuais do cidadão, sem uma visão global da sociedade e sem a menor preocupação pela sociabilidade e pelo convívio harmônico nas cidades.
sim, os políticos que aí estão, pelo menos uma grande parte, que se regojizam em aparecer publicamente com ideias estúpidas, demagógicas e rasas, parecem a reunião da liga das senhoras católicas, querendo manter a moral e os bons costumes. e quem duvida que vem mais por aí?

escrevo isso pensando em muitas "ótimas ideias" vomitadas de diferentes esferas do poder. a mais recente é a do deputado estadual campos machado querendo proibir o consumo de bebidas alcoólicas em vias públicas. sim, ninguém mais vai poder tomas umas no portão de casa ou na praia (!), sabe o motivo alegado? evitar que as pessoas dirijam bêbadas. puta que o pariu!!! isso é uma piada? é a mesma coisa que eu matar meu cachorro pra eliminar as pulgas dele. não faz o menor sentido. e ainda dizem que em outras cidades do mundo já existem leis assim. ótimo, se é pra copiar o primeiro mundo, londres tem 400km de metrô, então quero em sp também.

o josé mentor do pt criou um projeto de lei que visa proibir a exibição na tv de lutas violentas (ou seja, o mma). os argumentos são explicitamente moralistas (só ler aqui) e em resumo diz que mma é coisa de troglodita, que incita a violência nos seres humanos e que a tv, sendo concessão pública não deveria  "promover [esses] valores esportivos e civilizatórios do cidadão brasileiro". agora eu pergunto (perguntaria se tivesse a oportunidade): quem ele pensa que é pra dizer pra mim o que eu devo ou não assistir (e no caso eu nem gosto de assistir esse bagaça)? baseado em tais argumentos (de se "preservar" o cidadão) eu posso proibir QUALQUER coisa (se for pra ser assim, preserve minha saúde mental estirpando o bbb da tv, por favor), assim como se faz países autoritários. Eu tenho uma ideia melhor: que tal uma educação maciça e extrema qualidade que, entre outras coisas, desenvolva a capacidade de reflexão e de discernimento do cidadão. Sim, aí ELE vai poder decidir o que é bom ou não. Nós NÃO precisamos de um Estado tutor nos "preservando", CENSURANDO o que podemos assistir. Não há NENHUM indício que programas de tv violentos deixem as pessoas violentas, afinal a violência já existia antes de televisionarem o mma e vai continuar existindo com ele ou sem ele. se vier a existir pessoas que se influenciam por programas de televisão para justificar seus atos, ELAS são o problema e não o contrário. Têm pessoas que matam outras em nome da religião, mas nem por isso se propoem o fim das religiões (e nem quero isso).

Outro caso, o mais esdrúxulo na minha opinião, é a retirada de circulação do dicionário houaiss, que segundo um promotor público federal, trazia um significado perjorativo para a palavra "cigano".  essa é ainda mais absurda, afinal, supostamente o ministéio púlico possui em seus quadros promotores que passaram por um rigoroso processo seletivo para exercer o cargo e deveriam ser pessoas mais centradas e ponderadas, já que não dependem do voto do eleitorado - e da demagogia, ao contrário dos dois aloprados acima - para sobreviver em sua profissão.  porra, não é possível que sejam tão obtusos e ignorantes assim. alguém, por favor, avisa pra ele que os dicionário trazem os SIGNIFICADOS das palavras e muitas vezes vindo de diversos contextos sociais, e não o contrário. se popularmente "cigano" tem uma acepção perjorativa (assim como milhares de outras palavras que designam milhares de outros grupos sociais e que acabam ganhando significados extras) a culpa não é do dicionário. proibí-lo de tentar retratar o mais fielmente possível o que determinado verbete quer ou quis dizer em algu momento, em certo contexto social e indicando explicitamente que aquela é uma definição popular e perjorativa é uma ideia burra, risível e PERIGOSA. mais uma vez no  vemos diante de uma tentativa de restringir a circulação e o acesso à informação. parece besteira dizer isso? mas vamos supor que com o passar dos anos se torne praxe cada vez mais uma vigilância sobre os dicionários, aí começam a suprimir ou mudar o significado de uma palavra aqui, outra ali e no fim das contas estaremos à mercê de censores. o que além de tudo seria um desserviço ao conhecimento. o ser humano é generalizadamente preconceituoso e não é no dicionário que devemos tentar mudar isso, mas sim na ação efetiva, na ideias e nas atitudes de um para com os outros. Detalhe: procurei ao acaso o significado de francês no próprio houaiss e lá no fim está escrito assim: "8 falsamente delicado; hipócrita, fingido". fica a dica pra algum francês que se sentir discriminado por tal acepção. ou ainda em "baleia" uma das definições possíveis é "indivíduo muito gordo, obeso", o que, na lógica daquele distinto órgão seria também puro preconceito.

enfim, o problema não é se vão me dar enquadro ao tomar cerveja na rua, nem se vão proibir de passarem ufc na tv e muito menos se vou poder consultar o dicionário houaiss ou não. tô pouco me fodendo pra isso tudo. me preocupa, isso sim, representantes públicos com uma mentalidade tão tacanha, moralista, anti-democrática e beirando a ignorância, enquanto ações mais simples e efetivas trariam melhores resultados. em vez de ficar matutando qual vai ser a probição da vez, que tal (e sem querer ser demagogo) um profundo esforço coletivo pela educação, que transmita aos jovens noções de cidadania, capacidade de reflexão sobre as questões humanas, princípios de respeito e tolerância ao outro e que os ensine que as palavras, enquanto produto da vida em sociedade trazem significados que não necesariamente são aqueles que queremos. olha só que ideia simples! pode parecer chocante, afinal ninguém nunca pensa em  desenvolver a mentalidade do cidadão e a capacidade de formar e defender suas opiniões, mas, tal qual um grande rebanho, buscam somente traçar um caminho a ser percorrido, sem maiores esforços. com isso eu nunca vou concordar.

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