Há aqui em algum canto de mim as palavras certas para te
consolar, caro amigo.
Não as encontro, porém...
Encaro teu desamparo, mudo, envergonhado. A fragilidade com que se equilibra, com que se pretende
muralha, e se despedaça no primeiro ataque do inimigo.
(“há versos de amor em tudo que vês?”)
Aquela canção que fiz serviria pra você, mas não quero
que você saiba:
“ainda há sangue nas tuas veias e um coração a ser despedaçado”?
Despedaçá-lo seria, por acaso, o melhor a se fazer?
Aturdido, não ouso responder...
Queria te preservar, mas os perigos do mundo são o
próprio mundo. Abdicar de um é abdicar do outro.
E não é por indiferença que digo que amar é aceitar com devoção uma arma engatilhada, colocada contra a própria cabeça. Jamais diria pra não fazê-lo. Creio que viver é o exercício de procurar algo pelo qual valha a pena morrer...
A sua dor é só sua. Tenho eu o direito de tentar tirá-la
de você? Tenho eu o direito de dizer que você NÃO deve sentí-la? Que não vale a pena?
Não, estou certo que não... mas ainda assim preferia que
de alguma forma eu tivesse a palavra certa, o gesto certo, que te fizesse
melhor.
Nem mãos, nem olhos... nem mesmo as palavras que saem confusas
e estéreis da minha boca, ecoam por todos os cantos da sala e se desfazem e
meras ondas sonoras... Nada do que eu faça te alcança, porque você está muito
longe.
Me debato desesperançado... será que do muito que eu li,
do pouco que eu sei, nada poderá nos (me) ajudar?
Estou cercado de sentimentos ambíguos...
Quero te bater e te abraçar. Acho que você merece ambos.
(poderei eu escrever o necrológio dos desiludidos do amor?)