terça-feira, 25 de junho de 2013

sigo
em frente,
enfrento!
fraco
o fracasso
profundo
do mundo
que sou
(e que somos)
minto, in-
vento afagos
enfeito
meus feitos
tantas
rusgas,
tantos defeitos...

- sinto
muito
sibilo ou
sussurro
ofereço
indefeso
a face aflita
ao murro
duro
(e escuro!)
da mão
que contém
a promessa
que não
se cumpriu
e nem se
confessa

segunda-feira, 17 de junho de 2013

das perdas

a estrofe anterior está perdida!
definitivamente...
não há tempo para lamentos
há que se recomeçar
                                 súbito
contando
                 da tesoura
com a qual perfurei fundo meu peito
em busca
                de um coração estranho
                de um pulmão rancoroso
                (e tripas sentimentais)

contando
               do líquido
que jorrou farto de minhas entranhas
                                                        e não era vermelho
                                                                  era verde,
ocre e tímido!
e que ainda assim me faz um de vocês
é preciso que eu seja um de vocês!
e que seja capaz de um abraço
fraternal e dilacerante

só não pense nisso como uma declaração de amor
ou de fé
(no fim do poema ainda restam as perdas...)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

alisa, furtivo,
o seio macio
da moça ao lado.
sem saber
que a dois passos dali,
a outra observa
e disfarça
olhando pra água
deseja
as mãos em seus seios
também...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Feedback Song for a Dying Friend

Há aqui em algum canto de mim as palavras certas para te consolar, caro amigo.
Não as encontro, porém...  
Encaro teu desamparo, mudo, envergonhado. A fragilidade com que se equilibra, com que se pretende muralha, e se despedaça no primeiro ataque do inimigo.
(“há versos de amor em tudo que vês?”)
Aquela canção que fiz serviria pra você, mas não quero que você saiba:
“ainda há sangue nas tuas veias e um coração a ser despedaçado”?
Despedaçá-lo seria, por acaso, o melhor a se fazer?
Aturdido, não ouso responder...

Queria te preservar, mas os perigos do mundo são o próprio mundo. Abdicar de um é abdicar do outro.
E não é por indiferença que digo que amar é aceitar com devoção uma arma engatilhada, colocada contra a própria cabeça. Jamais diria pra não fazê-lo. Creio que viver é o exercício de procurar algo pelo qual valha a pena morrer...
A sua dor é só sua. Tenho eu o direito de tentar tirá-la de você? Tenho eu o direito de dizer que você NÃO deve sentí-la? Que não vale a pena?
Não, estou certo que não... mas ainda assim preferia que de alguma forma eu tivesse a palavra certa, o gesto certo, que te fizesse melhor.

Nem mãos, nem olhos... nem mesmo as palavras que saem confusas e estéreis da minha boca, ecoam por todos os cantos da sala e se desfazem e meras ondas sonoras... Nada do que eu faça te alcança, porque você está muito longe.
Me debato desesperançado... será que do muito que eu li, do pouco que eu sei, nada poderá nos (me) ajudar?

Estou cercado de sentimentos ambíguos...
Quero te bater e te abraçar. Acho que você merece ambos.

(poderei eu escrever o necrológio dos desiludidos do amor?)