caro amigo
de bom grado
divido contigo,
nesta mesa,
o tempo, servido
como petisco
enquanto bebemos a vida
sem sede e sem fé
saúdo-te
num abraço
fraterno, atrasado
de outra encarnação.
faremos planos
de incendiar o congresso
ou viajar nas férias
(pausa para a risada,
sua explosão anárquica)
apoio-me
na sua existência
e fico menos deserto
sua alma, gigante,
não cabe no corpo,
escorre no asfalto
e sem se dar conta
me aponta os caminhos
de volta pra casa
(gosto de falar com você quando não está prestando atenção)
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"ah, a bem-vinda alienação de sentar em uma mesa sem telefones espertos, somente a cerveja despejada nos copos de requeijão e um bocado de inconsequência para distrair os nossos ouvidos e algumas risadas que serão sufocadas entre alguns suspiros matutinos. Ergamos nossos pulsos enfurecidos! E enquanto isso, o mundo gira e voltamos para a casa mais vivos; cuspindo sangue, com navalhas nos bolsos furados e dentes no travesseiro, dormindo (perdidos) entre a ponte dos nossos sonhos."
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