"(...) o homem contemporâneo, estimulado por uma série de cirscunstâncias, deu grande relevo às necessidades e aos interesses de natureza econômica, obtendo-se um extraordinário crescimento nessa área, praticamente em todo mundo. Entretanto, para obtenção desse resultado, vêm sendo deixado para trás setores inteiros da sociedade, constatando-se, então, que o crescimento, que é apenas o aumento das quantidades, não é acompanhado por um desenvolvimento, que exige melhoria qualitativa. Em outras palavras, esse inegável crescimento econômico não é o produto da utilização adequada dos recursos sociais, no sentido de atendimento do bem comum, revelando-se, portanto, absolutamente inútil e, às vezes, até prejudicial para esse fim"
(DALARI, Dalmo de Abreu; Elementos de Teoria Geral do Estado, p. 16. Ed. Saraiva)
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Sempre me causou certa estranheza e descontentamento esse tipo de ideologia e esse modo de governar voltado basicamente para o crescimento econômico, se limitando a melhorar a todo o custo os indicadores (aumentar o PIB, reduzir o desemprego, exportar mais, alcançar metas de superávit...) como se o nosso objetivo enquanto nação e sociedade fosse basicamente produzir mais e consumir mais, num ciclo eterno, um fim em si mesmo que se cala sobre tantas outras questões que deveriam ser colocadas na pauta. Esquecemos de nos perguntar por quê, pra quê e até que ponto desejamos essa maior circulação de riquezas.
Não que deixe de ser importante que o país mantenha-se economicamente saudável (e aqui me abstenho de entrar no mérito sobre o que exatamente seria isso), mas Dalari toca no ponto quando questiona se, no final das contas, essa corrida cega e irracional não acaba por colocar em segundo plano outros objetivos sociais que também deveriam ser considerados essenciais. Por exemplo o direito a um meio ambiente saudável, que tem sido desde sempre ignorado por uma lógica que persegue o crecimento econômico doe a quem doer (e a gente sabe em quem doi...). A maioria de nós, brasileiros, vivemos em cidades hostis, violentas, poluídas e que de maneira geral não nos dá qualidade de vida.
Não sei (e não sabemos) exatamente o que é esse tal de "bem comum", mas se ele envolve minimamente as diversas aspirações dos seres humanos, devemos logo de saída nos questionar sobre a necessidade de repensar e reinventar nossas metas e estratégias enquanto sociedade.
Não sei (e não sabemos) exatamente o que é esse tal de "bem comum", mas se ele envolve minimamente as diversas aspirações dos seres humanos, devemos logo de saída nos questionar sobre a necessidade de repensar e reinventar nossas metas e estratégias enquanto sociedade.