quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

breve consideração sobre um parágrafo...

"(...) o homem contemporâneo, estimulado por uma série de cirscunstâncias, deu grande relevo às necessidades e aos interesses de natureza econômica, obtendo-se um extraordinário crescimento nessa área, praticamente em todo mundo. Entretanto, para obtenção desse resultado, vêm sendo deixado para trás setores inteiros da sociedade, constatando-se, então, que o crescimento, que é apenas o aumento das quantidades, não é acompanhado por um desenvolvimento, que exige melhoria qualitativa. Em outras palavras, esse inegável crescimento econômico não é o produto da utilização adequada dos recursos sociais, no sentido de atendimento do bem comum, revelando-se, portanto, absolutamente inútil e, às vezes, até  prejudicial para esse fim"

(DALARI, Dalmo de Abreu; Elementos de Teoria Geral do Estado, p. 16. Ed. Saraiva)
______________________
Sempre me causou certa estranheza e descontentamento esse tipo de ideologia e esse modo de governar voltado basicamente para o crescimento econômico, se limitando a melhorar a todo o custo os indicadores (aumentar o PIB, reduzir o desemprego, exportar mais, alcançar metas de superávit...) como se o nosso objetivo enquanto nação e sociedade fosse basicamente produzir mais e consumir mais, num ciclo eterno, um fim em si mesmo que se cala sobre tantas outras questões que deveriam ser colocadas na pauta. Esquecemos de nos perguntar por quê, pra quê e até que ponto desejamos essa maior circulação de riquezas.
Não que deixe de ser importante que o país mantenha-se economicamente saudável (e aqui me abstenho de entrar no mérito sobre o que exatamente seria isso), mas Dalari toca no ponto quando questiona se, no final das contas, essa corrida cega e irracional não acaba por colocar em segundo plano outros objetivos sociais que também deveriam ser considerados essenciais. Por exemplo o direito a um meio ambiente saudável, que tem sido desde sempre ignorado por uma lógica que persegue o crecimento econômico doe a quem doer (e a gente sabe em quem doi...). A maioria de nós, brasileiros, vivemos em cidades hostis, violentas, poluídas e que de maneira geral não nos dá qualidade de vida.
Não sei (e não sabemos) exatamente o que é esse tal de "bem comum", mas se ele envolve minimamente as diversas aspirações dos seres humanos, devemos logo de saída nos questionar sobre a necessidade de repensar e reinventar nossas metas e estratégias enquanto sociedade.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Algumas linhas sobre "Beleza e Tristeza"

Não sei ao certo por que escrever sobre esse livro. Não foi o melhor que li na minha vida, talvez nem mesmo no ano (e estamos apenas no segundo mês!).

Arrisco dizer que há nele algo de marcante que eu não havia encontrado antes em nenhum outro, uma força intrínseca que é de fato ao mesmo tempo bela e triste. Sei, isso é demasiadamente vago. Terei condições de me explicar melhor?

Não quero falar muito sobre o enredo em si. Mas adianto que o cerne é um doloroso caso de amor de um homem caso com uma jovem. Eles se afastam, mas as feridas permanecem indeléveis em cada um. Ninguém está totalmente imune aos acontecimento; é o que os une e os afasta e o que determina a maneira como eles se relacionam entre si e consigo mesmos. Como um fantasma que está sempre presente e do qual não se consegue escapar. Logo todos estão sufocados em sentimentos como remorso, amor, solidão, vingança, ciúmes... Presos ao passado o mundo se torna um lugar amargo e difícil. Há uma leve e permanente camada de melancolia sobre todos a trajetória deles. Não é possível ser feliz, deixar o passado para trás.

Mas é desse estado melancólico que surge a beleza aludida no título, sempre acompanhada de um certo amargor, mas ainda assim plena. Os protagonistas canalizaram a sua dor na arte. Ele, um famoso escritor, tem nos relatos de suas memórias sua obra-prima, ela uma talentosa pintora, encontra nas artes plásticas uma maneira de recomeçar sua vida. Ambos carregam esse pesado fardo de uma maneira digna, constrita, silenciosa. Aceitam a tragédia e a dor indissociável de suas trajetórias, não renegam, mas criam,  a partir delas, coisas belas. Não ha escapatória possível, os sentimentos que nutrem é o que os fazem ser quem são, é o que os impossibilita de ser feliz.

A própria maneira como a história se desenrola é sutil, contemplativa. Lenta e delicadamente o autor vai construindo uma rica pintura, em longas descrições das paisagens japonesas, de sua natureza e seus antigo templos, o que acabou me remetendo a delicadas pinturas de tons suaves. O movimento ambíguo dos personagens, seus diálogos, a forma ora frágil, ora pungente como interagem entre si e com o ambiente, tudo ali guarda uma grande beleza, que misturada à inescapável melancolia que permeia toda a história, acaba por causar no leitor uma sensação de deslumbramento e vazio.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

bobagens...

Falta alguma coisa
Quero carregar a vida na mala
Oras pois, quando viajo,
parto para nunca mais voltar.

Parte de mim vai embora
e outras simplesmente surgirão
A menina que vai não é o mesma que volta
Meu partir é transformação



- Eu, Bob e a bagunça. Muita bagunça
______________________
porque quando o silêncio é demais, a gente para pra ouvir ao redor...