porque na verdade eu quero continuar errando os mesmo erros. os meus próprios e indispensáveis erros (com a calma de quem vê passar a vida). que eles tomem a minha forma e se confundam comigo mesmo (quem eu seria se não mais os tivesse junto a mim?). quero continuar nadando contra a maré, mesmo sem saber nadar e sem ter pra onde ir... quanto tempo será que eu me debato antes de me afogar? acho que eu pago pra ver...
sim eu me contento (me regojizo) em ser o exército de um homem só, o bloco do eu sozinho. ainda que misturado aos outros e bem comportado. não abro mão de conservar esse pequena e frágil tentativa de (fingir) ser um pouco mais. e não se preocupe, eu ainda vou estar aqui.
e é por saber que não há nenhum lugar pra ir que não me alcance eu mesmo, que vou ficando por aqui. já dizia meu amigo álvaro de campos: "O tédio que chega a constituir nossos ossos encharcou-me o ser", não há como fugir.
não me veja como um conformista, um derrotado. procuro fazer disso a minha força e não me furto nem da necessidade de lutar e nem da dor de não vencer. só não me peça pra ser tão heroico quanto vocês...
2 comentários:
Parte I: Acho curiosa essa divisão de forças entre o quanto que nos custa nos conhecer, nos aceitar e a dificuldade de desapegar de algumas partes em prol de alguma outra coisa que julgamos mais importante do que a inércia. Lembrando da amiga Clarice Linspector sobre cortar os defeitos que podem estar sustentando o edifício inteiro, penso que as reformas são necessárias para a manutenção da edificação e quando bem pensadas e planejadas (identificadas o tal do "problema" que se deseja corrigir) não se corre o risco de desmoronamento. Mas é claro, isso se você tiver o conhecimento para tanto... em se tratando de nós mesmos, nem sempre podemos contar com conhecimento técnico preciso e plantas referenciadas.
Parte II: Contra qual maré você nada, especificamente? Tente não se contraria tanto, identificados seus desejos e valores. A gente vai contra aquilo que a gente acredita estar errado... ser do contra meramente por hábito, ou só para fazer "fita", não é tão interessante.
Parte III: Que batalha luta esse exército do homem só e de que carnaval participa esse bloco do eu sozinho?
Parte IV: Seja menos rígido com você mesmo nesse ponto. Essa pequena, frágil e fingida tentativa é uma tentativa vivida; pode assumir o devido crédito e o devido ônus, conforme for.
Parte V: Às vezes a gente acha que tá conversando com alguém e só está ouvindo o próprio eco. Experimente em outras águas para vencer o tédio.
Parte VI: Não vejo. Vejo seus impulsos contidos demasiadamente. Acho que o ensaio da luta e da dor já te sufocou e você está pronto para se jogar. Não sei se você vai chegar a algum lugar, se vai se afogar, mas espero que seja uma experiência que te tire do tédio.
Tudo isso, um pouco disso ou nada disso. Não se preocupe, eu também ainda pretendo estar aqui.
I. à la sigmund "velho louco e cheirador" freud, tendo mais a acreditar que não sabemos de coisa nenhuma e que não temos acesso à estrutura que sustenta esse edifício confuso que nós somos. no máximo pintamos as paredes de uma cor bonita e ficamos felizes com isso.
II. Haha, não estou fazendo fita... ou estou (quais são os limites entre pose e poesia?). Na real acho que todo mundo acaba por fazer fita. Talvez eu me refira a alguns conflitos internos (sobre estar no mundo) e me impor a eles acaba sendo uma ação de não me deixar levar pela correnteza.
III. Às vezes todas, às vezes nenhuma.
IV. Creio que sim. "De drama no mundo já chega".
V."Só escutamos a nós mesmos." (Ernst Bloch)
VI. Acho que chegar ou não a algum é secundário. Não me furto da viagem, mas, ainda assim, "Pra que viajar? O tédio vai ao leme/ De cada meu angustiado modo" (Álvaro de Campos)
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