quinta-feira, 28 de abril de 2011

sobre uma banda


puxa, bem uns dez anos que eu me considero um curioso por música e acredita que ainda não tinha parado pra ouvir ramones com a atenção que eles merecem? um pouco por pé atrás mesmo; bandas e músicos assim, muito acima de qualquer suspeita, acabam entediando e cheirando a charlatanismo, já que muita gente diz que gosta, paga de camisetinha por aí e nem sabe o que é.

claro, impossível não conhecer meia dúzia de música deles, afinal são a influência de dezenas de bandas da atualidade, mas foi a primeira vez que peguei um cd específico e ouvi algumas vezes do começo ao fim. no caso o rocket to russia.

ah, eu achei bem legal, mais até do que pensei que acharia... o som deles me passou uma certa espontaneidade e ingenuidade juvenil (estão mesmo preocupados em se divertir), talvez porque seja bem direto, cru, com um alto astral e uma energia autênticas. bem à moda punk mesmo, mas talvez menos pretensioso (na temática das músicas e na postura dos caras) que o the clash, sex pistols ou dead kennedys, por exemplo. ainda vou ouvir mais, procurar alguns outros cds, mas a minha primeira impressão foi bem positiva.

"Do you, do you, do you, do you wanna dance?"

quarta-feira, 27 de abril de 2011

182 dias

seis meses atrás era quarta-feira também... dia normalmente bem sem-graça (meio de semana!), mas com certeza menos quando recebemos convites inesperados à 1 da tarde. ou quando passamos a tarde ansiosos pela noite... será que você consegue se lembrar de cada detalhe? do que foi dito e do que ficou subentendido?
puxa vida, um piscar de olhos e lá se vão seis meses. quanta coisa mudou! quanta coisa ainda vai mudar (tenho certeza).
hoje também é 27, também é quarta-feira. mas quando der 1 hora eu que vou ligar pra você.

(é como eu disse antes, parece que foi ontem, parece que foi sempre...)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

sobre umas bandas...

ouvindo frequentemente um tal de the drums...
nunca tinha ouvido falar dessa banda, até saber que eles tocaram aqui em são paulo (e agora sei que são definidos como indies e são de nova iorque). como sou curioso baixei uma músicas (sei lá, talvez o nome tenha me chamado a atenção). não saberia definir muito bem ou tecer comentários sobre o som deles. no máximo que o som deles é bonitinho, tem um toque dançante, com uns arranjos animadinhos, meio anos 80 (e agora procurando coisas na internet descobri que os comparam com the smiths e joy division). destaque para let's go surfing e don't be a jerk, johnny.

...

tem também o holger, banda nacional ainda mais desconhecida (até porque é nacional...). baixei o cd deles, "sunga", confesso que achei um pouco estranho no começo, mas depois, no dia seguinte, deu vontade de ouvir de novo e de novo...
eles cantam em inglês, tinham tudo pra cair num som pasteurizado, mas tem uma sonoridade bem própria. as músicas são contagiantes, a bateria, na maioria das músicas se destaca (podem prestar atenção nela, quase sempre numa levada mais solta, menos rock) e ajudam a dar um clima meio "festivo" às músicas. juntando a isso riffs de guitarra espertos e bem construídos (muitas vezes de maneira original) e um baixo "presente", chega-se num resultado diferente (no qual se percebem muitas influências, ainda que seja difícil de identificá-las de todo) e muito agradável.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

algumas linhas sobre "50 anos a mil"


tem um tempo já que eu li esse livro, nem sei por que agora que resolvi escrever um pouco sobre ele. aliás, por que não escrevi antes? gostei muito, me fez admirar ainda mais o lobão e passei um bom tempo me divertindo com seu meio século de aventuras. o cara com certeza foi e é um porra-louca, polêmico, não poupa nada, nem ninguém, fala o que pensa (e geralmente são coisas muito interessantes, que se eu não concordo, pelo menos valorizo pela contundência e a coragem).

como toda biografia (as que eu conheço, pelo menos), essa conta a história do cara desde a infância até os tempos mais recentes. confesso que me interessei mais pela parte que trata especificamente do momento em que a música começa a fazer efetivamente parte da vida dele. histórias familiares, com exceção dos escândalos e dos absurdos parecem distantes e pacatas, aindas que de suma relevância para quem conta. interessante também notar como uma pessoa a princípio tímida e retraída, vai se tornando mais expansiva, rodeada por pessoas, atuante e envolvida em projetos.

aliás, como a vida dele é cheia de capítulos intensos! assim, de cabeça, lembro dele narrando quando deu uma surra enorme no pai dele, o relacionamente problemático e as tentativas de suicídio da mãe (e a derradeira, bem sucedida), seus dias na prisão (preso por porte de drogas), as amizades e encontros com figuras ímpares, as suas próprias tentativas de suicídio, a vida boêmia e intensa (regada a muita droga)... enfim, muitos "causos" que já se perderam nesses meses desde que terminei de lê-lo, mas que fizeram crer que realmente seus 50 anos foram a mil.

incrível como a trajetória dele como músico é um bom pedaço da história da música brasileira e do rock principalmente. fez parte do Vímana, banda com, entre outros, Ritchie e Lulu Santos; ajudou a fundar a Blitz (e pulou do barco antes de seu estrondosso sucesso), se apresentou no rock in rio, tocou com muita gente interessante, peitou a indústria fonográfica (defendendo a criminalização do "jabá" e pela numeração dos cds), se aventurou pelo mercado da música independente (inclusive com um projeto que eu gostei muito enquanto durou que foi a revista outracoisa, que lançou ótimos cds como do bidê ou balde, cachorro grande, b negão, wander wildner, plebe rude e do próprio lobão) e claro, teve, desde 1982 até agora um carreira solo muito profícua e sólida (se não tanto mercadologicamente, o que nunca foi seu forte, pelo menos na composição e produção de novos discos).

claro que isso, da minha parte, é também uma opinião de fã. tirando os grandes sucessos (dos quais eu gosto, mas acho menos interessantes em comparação com o que veio depois), acho muito bom o que ele produziu na sua fase independente. o primeiro cd que eu ouvi com afinco e empolgação foi o "canção dentro da noite escura", de 2005. depois dele vieram o ótimo, mas espantosamente mal sucedido em vendas, acústico mtv (acho que de 2007), um ao vivo, que não me chamou muito a atenção e o "a vida é doce" (com toques de música eletrônica, que a princípio não me agradam muito, mas que nesse caso corroboraram para um clima pesado e sofrido em músicas como na que dá nome ao cd), comprado num sebo por aí. por fim, curioso pelo que li sobre a composição e produção dos cds (e com a facilidade de se baixar os cds inteiros da internet) tive curiosidade de ouvir coisas mais do início da carreira ("cena de cinema" e "ronaldo foi pra guerra"), que sinceramente me soaram datados e não chegaram a me empolgar (quem sabe numa próxima ouvida...). o último que eu baixei foi o "uma odisséia no universo paralelo", de 2001. esse sim me pegou de jeito.

ah, era pra falar mais sobre o livro em si, mas como se trata de um músico, nada mais natural casar o que se lê com o que se ouve. ainda assim, e para além de seus "dotes musicais" (que talvez não tenha tantos adeptos por aí), vale muito frisar a sacadas geniais (e engraçadas) do cara, que tem uma língua enorme e atira pra todo lado, sempre com fundamentos. gosto muito de ouvir a opinião dele sobre diversos assuntos, porque, mesmo que eu discorde dele, o acho inteligente, bem articulado e dou muita risada de sua irreverência e do teor cáustico de suas colocações (como em relação aos novos nomes do rock nacional, por exemplo). procurem no youtube que tem um monte de coisa.

fica por último uma frase do livro dele que eu gostei muito e resolvi pegar pra mim (e que espero que possa me acompanhar vida afora): "(...) o melhor ainda está por vir". acho que não poderia haver maneira melhor de amarrar uma biografia do que com essa frase... afinal, nada de considerá-la encerrada antes da hora, mas sim na expectativa de que os melhores capítulos são que virão a seguir.