sexta-feira, 15 de agosto de 2014

400 vezes eu mesmo

por 400 vezes eu, em pequenos gestos de pretensão, rompi meus entraves e meu rigor pessoal e cliquei em "publicar", após tergiversar longamente sobre qualquer assunto ou sobre assunto nenhum. uma espécie de "egotrip" que se tornou, para mim, o ato de escrever neste, assim chamado "carbono e amoníaco" (obrigado augusto!).

ainda que para um "público" virtualmente inexistente, o fato é que é sempre um tanto quanto difícil se "publicar", dizer "é isso aí o que eu tenho a oferecer". formatar, com início, meio e fim, toda uma necessidade de se expressar e aceitar as limitações inerentes ao processo (e inerente às palavras). expor o que se pensa (na verdade uma das versões, de muitas possíveis), ainda que perceptivelmente confuso, imaturo, sem talento. 

ato corajoso eu arriscaria dizer, já que é muito mais difícil lutar por causas que já se sabe perdidas (e despropositadas) desde o início e sei que, no meu, caso aquilo que escrevo é causa perdida. não pense, porém, que dramatizo à toa. também não é questão de auto-indulgência. acontece que adoro escrever sobre tudo quanto é possível (sobre 400 coisas diferentes!), ainda que tenha consciência da pequenez do meu ato e não desejaria que fosse diferente. gosto dessa escrita pequena, imperfeita, quase invisível, mas que de alguma forma reconheço como minha e ponho no mundo. crio novos limites, novas configurações para mim mesmo. ocupo o meu espaço, ainda que riduculamente (como não poderia deixar de ser...) com gostos, manias, desejos, opiniões, insatisfações...
pode parecer besteira (e é!), mas chegar ao número de 400 postagens neste espaço, ao longo de quase 7 anos tem lá sua relevância. conta-se uma história, acompanha-se uma trajetória banal, mas verdadeira. é o que eu tenho a oferecer, está tudo aí.

como mudamos em 400 notas! como continuamos tão iguais...

4 comentários:

arthur belmont disse...

Mano, coincidentemente esses dias tava fazendo um backup do meus textos no blog (vai que um dia tudo se perde ...)e descobri que eles somam mais de 300 páginas só de contos! Me identifico muito com o que você escreveu, sobre essa constatação; afinal, vimos muitos amigos talentosos parando de escrever/diminuindo o ritmo e - após tanto tempo - ainda estamos aí. Sim, sem dúvida tem a sua relevância e isso ninguém tira de você, parceiro.
Parabéns pelas 400 postagens e pelo blog!

fernando disse...

pois é, cara... é um conjunção entre a banalidade do que se escreve, do ponto de vista macro e a importância que aquilo adquire por ser a expressão de uma "pulsão" pessoal e insubstituível. serve pra arriscar umas soluções e dar uma organizada nas ideias. como disse no título, são 400 vezes eu mesmo e, ainda que batendo cabeça e duvidando de mim, isso dá uma pontada de satisfação.

Velha Thétis disse...

Persistência e disciplina de um lado, "egotrip" viciante de outro... emanando pedaços de você mesmo no mundo pra te dar uma espécie de conforto na idéia de perpetuação no espaço.

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"Pois sou poeta, alma é tudo; o corpo é só uma fantasia. Mesmo que morra meu corpo, eu viverei em poesia." Mc Fera - O tiro

Não é muito a sua vibe, mas o rap tb pode ser terapêutico... essa tal de poesia ritmada. Gosto dos iniciantes =]. Admiro os disciplinados.

Luciana disse...

Há o receio antes de publicar, ao publicar, com os comentários (em geral um negativo é mais pesado que 400 positivos) e depois de muito tempo passado, se é o perfeccionista que o post faz pensar ser, alguma coisa no texto vai soar estranha.
Parabéns por vencer a barreira (mais de) 400 vezes e permitir-se fazer parte da reflexão alheia.