quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Música para ler - MIS

Ontem, dia 12/08,  tive o privilégio de acompanhar no MIS um bate-papo divertidíssimo sobre música, ou melhor "música para ler" com três grandes jornalistas e escritores, André Forastieri, Ricardo Alexandre e André Barcinski para falar de seus livros sobre música e cultura pop nacional.

Os caras conhecem muito do assunto e contam histórias curiosas e hilárias sobre o cenário musical brasileiro dos últimos 30 ou 40 anos. Uma avalanche de informações interessantes num formato descontraído, que poderia muito bem ter acontecido numa mesa de bar. Análises sobre o mercado musical, relatos sobre artistas, opiniões sobre o que ainda está por vir, a trajetória de cada um enquanto jornalista, as lembranças pessoais de como a música influenciou cada um deles, enfim, muita coisa legal, que poderia ter durado mais uma hora ou duas.

Poderia destacar por exemplo, a história de um tal de "Os Carbonos", banda de estúdio entrevistada por Barcinski, que durante décadas gravou milhares de músicas para todo tipo de artista. Ou a história das "Melindrosas", grupo inventado de última hora (com a Gretchen e a Sula Miranda!) na esteira de sucesso de um disco lançado com músicas infantis em ritmo de discoteca e que, portanto, precisava ter uma cara (ou, no caso, três garotas bonitinhas) pra aparecer na televisão. Ou ainda o fenômeno dos "Secos e Molhados", que de forma totalmente inesperada, dada sua peculiaridade visual e musical em tempos de ditadura, vendeu centenas de milhares de discos para todo tipo de gente brasil afora. Enfim, são muitos causos que ajudam a entender o que foi e o que é fazer/vender/ouvir música no brasil.

Barcinski estava com o seu novíssimo "Pavões Misteriosos", que apesar de relativamente curto, contem muita coisa legal do período de 74 a 83. Pelo que ele falou, foram entrevistadas 65 pessoas, algumas delas até então relegadas ao ostracismo ou à ridicularização que a mídia sempre reservou praquilo que é popular. Ainda não li o livro (que comprei ontem), mas sou muito fã da maneira como ele escreve e acho que a iniciativa de um lançar livro sobre esse período foi ótima. Principalmente quando se tem noção da "furada" que é escrever livros num país sem leitores.

Não pude deixar de comprar também os livros do Forastieri, "O dia em que o rock morreu", e do Alexandre, "Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar" (deste eu já li o ótimo e ambicioso "Dias de Luta", sobre o rock e a cultura nacional nos anos 80). A julgar pelo alto nível do papo de ontem, creio que os três serão ótimas leituras, sobre um tema que eu gosto muito, desde os meus 12 anos, quando comecei a me interessar por rock nacional e conheci o BRock, do Artur Dapiev.

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