quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

o apego à palavra exata
o peso de não encontrá-la
(dois versos se foram e ainda estou longe...)
queria tanto...

a falta que faz
o que não se escreve
mês passado éramos jovens
havia tinta pra tudo

arrisco, mas não.
leio carlos, releio manoel
vejo notícia antiga e foto velha...
busco o dicionário,
morro na página 3

a máquina gira o mundo
eu não digo,
mas quero ser feliz

me escapa a ironia
escondida no desastre
de ser humano e crer

meio poema deixado em aberto
metalinguagem criando ferrugem
éramos jovens ontem à tarde
mas não... (queria tanto)

não fingirei que fui capaz
de encontrar.
nenhum verso me ampara,
o dia se arrasta
arrastado fluo também

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

"o pensamento não é neutro; ou ele é confirmação do estado das coisas, ou é crítico e transformador das subjetividades na direção de um pensamento lúcido entrelaçado a práticas lúcidas em tempos obscurantistas"

(TIBURI, Márcia. "Como Conversar Com Um Facista", Ed. Record)

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partindo do princípio, muito claro para mim, de que o pensamento não é neutro (pensar em algo é não pensar em todas as outras coisas, é estabelecer uma ordem para as ideias e para o mundo), podemos utilizar nossa capacidade cognitiva e reflexiva para transformar ou simplesmente reforçar o status quo. podemos ser meros replicadores do passado estabelecido ou propor e considerar novas posturas frente a eternas questões. 

porém, considerar-se questionador ou somente opor-se ao estado das coisas não basta. a crítica por si só é limitada em sua capacidade de transformar e induzir o processo dialético. tanto quanto possível, há que se buscar, enquanto sujeito, a lucidez teórica e prática como forma de combater o obscurantismo que sempre ronda muito perto todas as nossas formas de pensamento.

por que eu estou dizendo isso? não sei exatamente. um pouco talvez pelo desalento que me causa ver a vontade e a ação transformadora se deixarem seduzir tão facilmente pelo atalho das ideias pré-concebidas. me pergunto (e já sei a resposta) até que ponto é válido supor-se crítico quando o que se faz, na verdade, é substituir um pensamento obscurantista por outro, com a aparência um pouco mais moderninha...

acho que é isso. que venha 2016...