domingo, 13 de abril de 2008

faça assim, pegue algumas de suas coisas, bobagens que estejam agora mesmo jogadas à sua volta, que façam ou não diferença no momento (podem ser pedaços de papel rabiscados, fotos, pequenos objetos...) e guarde numa caixa ou numa gaveta. deixe-as lá por um bom tempo, não sei quanto, meses, anos; o suficiente para esquecê-las, para que deixem de fazer sentido (se é que um dia já fizeram).
aí redescubra-as, quase que por acaso. toque-as de novo, como se fossem coisas novas, que tragam lembranças, tragam de novo quem você foi (ou quem você pensou que fosse). sinta cócegas nostálgicas, sensação de vazio e pare pra pensar, na metafísica do mundo e naquela tarde deitado na grama.
queime tudo depois, antes de que possa se reacostumar com elas. veja-as pegando fogo, num arrepio impassível e num sorriso masoquista.

18 comentários:

Anônimo disse...

é talvez a melhor coisa a fazer seja atear fogo! e ver tudo que um dia foi real virar cinzas...

Anônimo disse...

é incrível como agora vc parece desdenhar tudo o que é passado. não se esqueça que vc é fruto dele.

Anônimo disse...

como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?

fernando disse...

é incrivel como as coisas que se diz e/ ou escreve tomam outras formas nos olhos de quem lê...

Anônimo disse...

não se esqueça que quase tudo é subjetivo.... ver as coisas tomarem outras formas é um risco que se corre...

Anônimo disse...

Fico imaginando o que vem depois do "sorriso masoquista". Quer dizer, por algum instante você deixou de se sentir responsável ou no controle de toda aquela situação? E cinzas são apenas cinzas. Era isso que você queria?

(E as pessoas SEMPRE vão deformar aquilo que vêem. Quem foi que disse que o observar é um ato passivo e não causa reação alguma àquilo que olha (e não só o contrário)?)

tarsio vinicius disse...

isso ta bom de assitir. alguem traz a pipoca.


kkk..

fernando disse...

é que a escrita, enquanto ato de objetivação/ transmissão de mensagens pressupõe um mínimo de objetividade. Se não fosse assim, viveríamos num mar difuso de subjetividade no qual ninguém conseguiria passar nenhuma mensagem a ninguém...

e tem outra; o problema não são "os ruídos de comunicação" ou entendimento ambíguo do que se pretendeu passar, mas sim quando aquele leu acha que o que ele entendeu é exatemente o que se quis dizer.

mas isso já outra história

fernando disse...

sempre destilando seus comentários irônico-debochados...

(ou será que eu que os interpreto assim?)

tarsio vinicius disse...

foi pra mim a pergunta?

bom se foi eu vou responder. entao acra voce interpretou mau...ta legal a coisa aqui...de verdade...ainda mais porque parece que dessa vez a coisa que voce postou saiu da esfera so meramente analitica de vez...antes a meninas de cima ate comentavam mas nada tao levado pra um lado um pouco mais intimista com ta goar ...como esta nos ultimos posts...as vezes eu sentia que fazia falta um pouco disso por aqui...(eu disse eu ...e nao voce...pois voce pode nao gostar desse tipo de coisa por aui e nem memso sentir necessidade). e agora parece que a pessoas ai tao falando com um certo tom que nao deixa que os comentarios sejam só comentarios...sabe ta saindo da burocracia(e olha que eu acho que essa tal burocracia foi voce que institucionalizou de alguma forma)...sabe nao é so questao de comentar a coisa de forma analitica e perpiscaz como a "tres pontinhos(kkkk que vontade de escrever "tres pintinhos"..kkk..to zuando) voltando nao é so fazer do jeito que ela fazia antes...eu curto do jeito que ela e a carol comenta agora...com um ar mais pessoal...agora sim os comentarios parecem de pessoas que te connhecem que ja te viram em outros tempos...e nao de pessoas que gostam de aparecer por aqui so pra ver o que posta e jah era(ah tipo eu sabe..kkkk)...

tarsio vinicius disse...

ah e continua divertido assistir a isso

tarsio vinicius disse...

e aeh se é moh insensivel..eu disse que te amo no ultimo post e voce nem retribuiu...eu disse a verdade cara...sem zueira...eu curto voce...mas se voce nao acredita eu vou conviver com mais essa desilusao amorosa

Anônimo disse...

é talvez eu ache que o que li foi exatamente o que vc quis dizer, pq como o tarsio disse eu te conheço (embora vc adore negar isso), confesso que senti um certo cutução, em relação ao seu passado (nosso passado)... e se não era a ele que vc estava se referindo no texto, ao que era? Ah! já sei vc vai arrumar um modo de dizer que era em relação a qualquer coisa, vai arrumar um modo de se colocar distante, de sair do pessoal... e vai dizer tbm que eu adoro destorcer as coisas que vc diz ou escreve... rs

Anônimo disse...

Se é pra ser pessoal, que seja escancarado. Vamos lá:

1° Társio, vai se fuder (sem os três pintinhos)!! Ehahuhuaha. Tá, eu dei risada.

2° Ok, claro que se escreve considerando mais de um fator.

3° A segunda parte do meu comentário foi absolutamente "em defesa" da impressão da Carol.
Se você escreve algo com liberdade plurisignificativa e se esquiva de qualquer referência à sua vida pessoal obviamente estará passível a uma interpretação do leitor, que, quando ligado a você, tende a fazer esse tipo de relação.

Obs: Não que eu tenha concordado com a interpretação da Carol.
Obs²: Não quer dizer também que eu tenha feito essa relação. Sobre o quê (ou quês) acho que você escreveu posso te dizer pessoalmente e você me corrija se eu estiver errada.

4° Não tive a intenção de fazer um comentário mais "intimista", apesar da dramatização, como disse o Társio.

Anônimo disse...

caramba! isso tá dando pano pra manga, hein?!


ah! 3pontinhos.... não pude deixar de rir ao ler vc mandando o tarsio se fuder! E obrigada pela defesa! rsrsrs

tarsio vinicius disse...

poh...porque madou eu me fude...?

o culpado aqui é o fernando..kkkk

poh...alem disso eu nao pude conter a piada..kkkk
..kkk

arthur belmont disse...

perdi essa?meu pc me deixou na mão esses dias.
cara,esse seu lance de caixas que descreveu é uma coisa cultural nossa,não é?!
todos temos as nossas caixas e ficamos lá olhando pra elas desejando que se a queimássemos ,talvez aquela pensamento de saudade e perda parasse de te incomodar.
é recorrente esse pensamento do fogo ,e é um símbolo até ritualístico:juntar um monte de coisas e tacar fogo .
a livre interpretação é um troço legal e eu curto até(me surpreendo e acho fascinante) ,mas acho que saquei o que tá acontecendo aqui e respeito.
meu,levado a essa coisa de "redescobrir" sensações me peguei ouvindo umas músicas bem velhas esses dias e escrevi algo lá no meu ontem(dá uma olhada se puder) ;meio que na vibe desse seu(que acabou me levando a refletir nessas coisas).
mas ,ó:cada um interpreta mesmo de um jeito(acho isso do caralho),mas deixa eu dizer a minha interpretação ,porque tava nesse dilema de caixas e cartas esses dias ,e respeito tudo o que rolou ,mesmo que não conheça vocês a fundo ,mas já que somos irmãos nessas letras desgraçadas pelas madrugadas,devemos escancarar mesmo como disse 3pontinhos(ainda não atingi intimidade o suficiente para chamá-la de "reticências"):
o dia que você tem coragem e se permite fazer essas coisas(abrir as caixas,ler cartas) ,aquilo talvez te traga sensações como ele descreveu(cócegas,nostalgia,aquela tarde...)e você numa tragédia vê que aquelas cartas e papéis são carregadas de lembranças boas e más junto com as respectivas sensações.è como o conceito de dejá vu:não é que você VIU algo que te lembra ,você SENTIU algo parecido e após segurar essas coisas da caixa ,você vê que tem papéis nas mãos que te dão aquela sensação e o amor que você tinha não está lá nas suas mãos e você não pode segurar a mão dela ;daí o desejo(irracional) e urgente desses momentos de queimar e tacar fogo nessa papelada e fotos.
porque aquilo que você viveu com ela é bom ,a lembrança daquele amor,e é o que você é ;e num sorriso masoquista ,cê tenta dizer adeus para isso .porque doe para caralho ver as coisas queimarem;eu fico triste e fascinado olhando para um fogueira;me hipnotiza.
isso é o que entendi.
me deu até uma vontade de procurar um poema velho que escrevi há um tempão falando disso.
desculpa ae se me meti em algo que não devia .
esses tem sido dias estranhos para todos ,eu acho.

fernando disse...

nossa, cara, mto bons seus comentários.
engraçado vc falar isso de fogo, pq realmente é o q pega pra mim. adoro essa imagem das coisas pegando fogo (talvez numa dualidade de destruição/renovação).
acho q eu quis apontar nesse pequeno texto uma tendência q eu percebo em mim de me apegar às coisas, de querer sempre guardá-las, como q para não deixá-las escapar. mas é ledo engano, quando vc reabre a "caixa" percebe que nada é mais como era lá... e talvez seja até bom.

acho q é isso, o poder das coisas (e da lembrança) ao longo da vida e na construção do "eu".

(sei lá, ao mesmo tempo não deixa de ser algo bem irrelevante pensar sobre isso).