segunda-feira, 26 de maio de 2008

"No século XX, em especial nas democracias fordistas do pós-guerra, as mulheres foram cada vez mais integradas no sistema de trabalho, ma o resultado disso foi apenas a consciência feminina esquizóide. Pois de um laod, o avanço das mulheres na esfera de trabalho não poderia trazer nenhuma libertação, mas apenas o mesmo ajuste ao deus-trabalho que traz entre o homens.(...) As mulheres foram submetidas, assim, à carga dupla e, ao mesmo tempo, expostas a imperativos sociais totalmente antagônicos. Dentro da esfera do trabalho elas ficaram até hoje, na sua grande maioria, em posições mal pagas e subalternas."

(Grupo Krisis, Manifesto Contra o Trabalho, pág. 43)

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No mínino ineficiente um movimento (o feminino) que pretende se inserir na adoração de um deus moribundo, como ideal de libertação. Talvez um bom exemplo de como o mundo do trabalho se cruza com a questão de gênero e com a vida privada no geral (nessa questão de como as relações são determinadas/ influenciadas pelo mundo do trabalho e pelo seu apartheid social).

2 comentários:

Anônimo disse...

Ineficiente? Nossa, dê o devido crédito àquelas que lutaram pelo direito de escolher o que se quer da vida, pelo direito de existir socialmente - porque para se existir nessa sociedade é preciso trabalhar, pelo direito de ter acesso à educação, de graduar-se e ser, enfim. Não se muda todo um conceito pré-feudal em pouco tempo. Claro que há que se lutar por mais, mas não taxe de ineficiente essas mulheres, que eram tidas como apetrecho particular de servidão ao homem trabalhador e mecanismo de procriação e conseguiram se impôr!
Trabalho, nesta sociedade, é igual à libertação sim, senhor! Tanto para o homem, quanto para a mulher. Não duvido do caminho que escolheram. Ainda há que se lutar pelo livramento da dominação que as figurinhas masculinas acreditam ter sobre as mulheres. Ainda há muito para se lutar por. Mas que isto foi um passo para a liberdade e busca pela igualdade, com certeza. Agora, quem sabe, se falando também em fraternidade, haverão homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, lutando contra as imposições desse deus-trabalho.

fernando disse...

1º Trabalhadores e trabalhadoras lutando contra o deus-trabalho é paradoxo. Se morre o deus-trabalho, acabam-se os trabalhadores.
2º Será que não foram as mulheres que foram incorporadas à logica de venda de mão-de-obra e dignidade (sua dita "libertação")? Pelo que eu me lembro, as mulheres e as crianças eram recrutadas para as fábricas porque custavam menos.
3º Muito ideológico (e até ingênuo) você defender e propagar a idéia de que as mulheres (e até mesmo os homens) fazem o que querem da vida. Sério mesmo que você acredita nisso? Dê uma olhada à sua volta. Há uma série de restrições/ coerções/ regulamentações que te dizem o que (como, onde, quando...) fazer as coisas.
4º "eram tidas como apetrecho particular de servidão ao homem trabalhador e mecanismo de procriação e conseguiram se impôr". Claro que as relações de gênero mudaram, mas não tanto assim. E eu não acho grande vantagem passar a ser um "apetrecho de servidão" ao chefe (homem, geralmente).
5º A ideologia do trabalho o prega como libertação. Assim como prega que quem não tem trabalho deve morrer de fome (ou se contentar a viver de esmolas). A sociedade do trabalho promove um apartheid entre quem "faz o que tem de ser feito" e quem é "lixo social". De qualquer forma, não vejo onde vender 40 horas da minha semana em troca de sobrevivência pode ser "libertador". Ainda mais se você considerar o caráer alienante, repetitivo e estafando da maioria das funções executadas.

Sei lá, se quiser aonda estou dispoosto a discutir a questão.