sexta-feira, 20 de março de 2009

Interlúdio (ou sobre os fantasmas de si mesmo)

- Sabe o que eu acho cara? Que somos uma grande ficção e que nos impressionamos com isso, com as nossas sombras na parede. Contornos difusos e mal definidos, de tamanho exagerado, que causam êxtase e que assustam... Olhamos encantados nossa imagem refletida n’água e nos afogamos como se fosse inevitável. Lamentamos o movimento doloroso da auto-recusa performática.

Performance: é pura pose e poesia. O ego inflado e uma hipertrofia psíquica. E não há beleza alguma em se estar sempre no centro...

Você procura um lugar, mas só a consciência da busca já é admitir que não possui lugar algum (assim como pensar no sono é estar acordado) e que não há opção. Seu movimento crítico é estar sempre perdido. E se perde entreatos.

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"Como correr na esteira, que cansa e não leva a lugar algum."

3 comentários:

Tarsio V. Lopes disse...

amono e carboniaco; mito da caverna; narciso; atores;

tudo ai. faltou só a sensibilidade do momento hein. (ahuahuahauh)

fernando disse...

a minha sensibilidade está na pose...
meu processo criativo (se é que há algum) é me enganar sobre as coisas e sobre mim.

fernando disse...

talvez por isso a esteira no fim de tudo: é o desencanto da corrida. não há ponto de partida e nem ponto de chegada e mesmo assim se cansa.
mas pode-se, ainda, fechar os olhos e imaginar um bosque ao seu redor.