terça-feira, 22 de setembro de 2009

22/09...

dia mundial sem carro.
é óbvio que pelos menos em SP a rotina continuará a ser a mesma:
filas quilométricas de carros, em sua maioria ocupados pelo motorista e só;
marginais (o aparelho urbano mais abominável dessa cidade fedida) e mais uma porção de avenidas enormes congestionadas, briga por locais para se estacionar (acreditem, inclusive os lugares pagos!), buzinas, fumaça, o caos.
afinal, andar de carro é estilo de vida, sinal de status.
é tradição, supõe conforto e autonomia...
o carro faz parte da família, é um pedaço da casa que se leva pra passear.
é o corpo circunscrito, hermeticamente fechado, cercado pela privacidade de metal, fugindo da confluência de pessoas na cidade grande.

se disserem que o carro hoje em dia é uma necessidade até que eu não discordaria de todo.
a questão, porém, é que a necessidade por carros se formou junto com o crescimento acelerado da cidade e a valorização do transporte individual como solução para a locomoção. grandes vias por todos os lados, com a função de levar a população da casa pro trabalho, pra escola, pro lazer (tudo separado um do outro).

defender uma lógica individualista de transporte, baseada no carro ainda hoje em dia é burrice, é ingenuidade. por mais que se construa novas pistas e que se alargue as existentes a situação é insustentável (inclusive a curto prazo): simplesmente vai travar tudo (como vira e mexe acontece). isso sem contar com outras questões igualmente (ou mais) importantes também devem ser levadas em conta, como a poluição do ar, sonora, a degradação das cidades, a impermeabilização do solo, etc.

que esse dia sirva, pelo menos, para contrabalancear (ainda que de maneira tímida) a apologia frenética ao carro, que propicie a discussão de políticas alternativas e novas maneiras de se encarar o problema do trânsito e da vida nas metrópoles como um todo.

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