segunda-feira, 1 de outubro de 2012

meus centavos sobre as eleições 2012

uma das coisas que mais irrita nas eleições e na festejada democracia representativa é o esvaziamento político quase total que a disputa sofre e a quantidade de mentiras que são contadas sem o menor pudor:

1) o candidato X fala muito mal dos outros candidatos (principalmente dos candidato Y, do qual está mais próximo de si nas pesquisas) e muito bem de si próprio, do seu passado e do seu plano de governo. e vice-versa, de maneira geral os candidatos sempre atacam muito os adversários e endeusam demais a si próprios e os seus próprios simpatizantes. o que distorce a realidade duplamente, não consegue aprofundar o desejado e necessário debate, não consegue ter auto-crítica e trata a política como um infantilizado "bonzinhos contra  os maus". claro, ninguém é obrigado a confessar seus pecados em público, mas com certeza seria mais sincero reconhecer alguns erros próprios e acertos dos adversários...

2) dispara-se a torto e a direito frases de efeito que quase aleatoriamente contêm palavras como "renovação", "honestidade", "experiência", "avançar", "educação", "saúde", "transporte", blá, blá blá... propostas reais e factíveis e principalmente uma agenda programática bem embasada e coerente ficam em segundo plano. o que deveria-se realçar é que, por mais que todo candidato inclua soluções mágicas e definitivas para todos os problemas da cidade, cada um deles tem uma visão própria, uma maneira diferente de resolver os problemas e é isso que deveria ser levado em conta. mas no fim das contas ganha o populismo que consegue agradar ao maior número de pessoas, aquele que melhor incorpora o "pai dos pobres", "o salvador da pátria".

3) os programas eleitorais tratam o eleitor como imbecis, crianças que só conseguem prestar atenção em algo constrangedoramente colorido, com musiquinhas de quinta categoria e nos moldes de programinha vespertino. ou seja, o que se leva em conta é o marketing, a roupagem que se dá e não o as questões políticas e de interesse público.

4) o eleitor médio aparentemente não tem capacidade de analisar nada de maneira mais aprofundada. consegue se contradizer e ser incoerente com suas próprias demandas. e aqui não estou criticando as pessoas que tenham uma opinião política diferente da minha, mas sim as pessoas que não conseguem conciliar o seu pensamento com o seu voto. tipo o cara que desde sempre detesta o político dr. paulo e vota no candidato fernando (nomes meramente ilustrativos) que o próprio paulo apóia. se esquece que são historicamente adversários e até pouco tempo atrás representavam ideologias diferentes. as desculpas para isso são muitas, mas nenhuma delas esconde o fato de que uma aliança política envolve troca de favores e uma mínimo de interesses comuns. ou seja, se eles agora estão juntos no mesmo palanque há algo de muito diferente e estranho no ar.

5) aliás a população de modo geral adora detestar a política. acha bonito ser um analfabeto político e vocifera velhos clichês como "nenhum político não presta", "é tudo ladrão" ou "não gosto de política"... eu posso até concordar com isso e entendo as razões para as pessoas acabarem se desiludindo, mas acho que seria bem conveniente ter algo a mais para pensar e falar.

6) por fim, a eleição para vereador é um show de horror. metade ali caiu de pára-quedas e não tem a menor noção de nada. vomitam em poucos segundos um textinho de dar vergonha, normalmente afirmando que vão melhorar isso, aquilo e aquilo outro. tem os que querem ser engraçadinho ou se sustentam na fama conquistada por outros meios e os políticos profissionais, corruptos e desonestos (ou no mínimo acostumados com benesses e confortos moralmente questionáveis) de longa data que sempre conseguem uma boquinha no legislativo, porque a população em geral escolhe parlamentar como quem escolhe a cueca a ser usada no dia... não me espanta a gritante inoperância da câmara dos vereadores, que só vota nome de rua e dia a se homenagear esse ou aquele.

é isso. boa festa da democracia pra vocês.

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