quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"As batalhas de identidade não podem realizar a sua tarefa de identificação sem dividir tanto quanto, ou mais do que, unir. Suas intenções includentes se misturam com (ou melhor, são complementadas por) suas intenções de segregar, isentar e excluir. Há apenas uma exceção a essa regra (...) a verdadeira e plenamente includente identidade da raça humana."

(BAUMAN, Zygmunt; "Identidade", págs. 85 e 86).
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penso muito nisso: o quanto é arriscado aprofundar diferenças, destacar o grupo em relação à sociedade (ou a humanidade) como um todo. levantar barreiras que deixem claro que, daqui pra dentro compartilhamos identidades, somos iguais e nos reconhecemos como tal, enquanto lá fora o que paira é a desconfiança e a insegurança dos "outros". quase sempre esse posicionamento vem acompanhado de um processo de auto-afirmação, de evidenciação das qualidades do "meu grupo" em detrimento do restante. vemos isso no que tange à religião, futebol, política, nacionalidade, gosto musical... enfim, parece que qualquer característica que nos aproxime de uns, forçamente nos afasta do restante e se não tomarmos cuidado faz com que os menosprezemos baseado em preconceitos e estigmas.

claro que as relações sociais funcionam assim, um processo contínuo de criar identidades com uns e diferenças com outros, desde os assuntos mais banais até questões que envolvem toda a vida do indivíduo e até suas concepções sobre o além-vida. o que me preocupa é cristalizar essas diferenças de tal maneira que se perca de vista o caráter frágil e menor dessas identidades. no meu ponto de vista, nada se sobrepõe ao fato de compartilharmos a identidade humana, por mais que estejamos inseridos (por opção ou contra a vontade) em identidades opostas e mutuamente excludentes, não vejo nenhuma justifica para fazer disso um guerra, ou um motivo para o ódio ou a intolerância.

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