segunda-feira, 3 de março de 2008

o cachorro correndo atrás do próprio rabo

você quer eu decifre seus códigos? que te leia por entrelinhas?
não vou me satisfazer com aquilo que eu suponho talvez saber (ou achar)...
"o cálculo das probabilidades é uma pilhéria"! hipóteses são boas para teses científicas. e se você insistir em ser meu estudo estatístico eu te guardo numa estante e te esqueço.
não quero bons argumentos. quero a certeza das coisas neste momento. esfregada na minha cara! a certeza ingênua e petulante que mais confunde do que esclarece.
repita! uma, duas, três vezes...
não preciso saber, preciso sentir!

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Quero

Quero todos os dias do ano
Todos os dias da vida
De meia em meia hora
De 5 em cinco minutos
Me digas: Eu te amo.

Ouvido-te dizer: Eu te amo
Creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
E no seguinte
Como sabe-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
Que amas, que me amas, que ama
Do contrário evapora-se a amação
Pois ao dizer: eu te amo
Desmente
Apagas
Teu amor por mim

Exijo de ti o perene comunicado
Não exijo senão isto,
Isto sempre, isto cada vez mais
Quero ser amado por em tua palavra
Nem sei de outra maneira de saber-se amado:
Amor na raiz da palavra
E na sua emissão
Amor
Saltando da língua nacional,
Amor
Feito som
Vibração especial

No momento em que não me dizes: eu te amo
Inexoravelmente sei
Que deixaste de amar-me

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amaamoamoamoamoamoamoamo
Verdadeiramente fulminante que acabas de desentranhar
Eu me precipito no caos,
Essa coleção de objetos de não amor

(Andrade, Carlos Drumond )

11 comentários:

cra disse...

cara, voce faz sociais? e escreve legal.

Anônimo disse...

eu não acredito que vc colocou esse poema aqui!!!! isso foi covardia!!! lembrei da caixinha!!!! puta! quanto tempo!!!

Anônimo disse...

Ow! vc ainda tem a caixinha?

fernando disse...

pra ser sincero eu consultei a caixinha para lembrar o nome desse poema.

arthur belmont disse...

cara,desculpa entrar sem bater na porta:acompanho o seu blog e o do pessoal daqui e nunca comentei nada neste aqui ;eis aqui eu me apresentando:curti pra caralho o poema de baixo e esse poema que postou do itabirano que poucos conhecem para relembrar.um abraço.

tarsio vinicius disse...

poh cara ...chega...se vai me fazer chorar porra.

Anônimo disse...

pensei q vc nem tivesse mais a caixinha... fiquei feliz em saber que vc guardou...=)

Anônimo disse...

Ixi, acho que eu também ando entrando sem bater na porta.

Depois daquele scrap sêco, entro na ponta dos pés, de meia e espio quietinha.

(Já li esse poema muitas vezes. Acho que é confortador encontrar essa sensação nas palavras de Carlos Drummond de Andrade...)

fernando disse...

1) faço ciências sociais, sim... e vc, quem é?
2) arthur belmont... já vi esse nome por aí, rs. engraçado q as pessoas costumam gostar bem daquilo q vc coloca despretensiosamente ou q escreve "com a mão e a cabeça frouxas".
3) pois entre sem bater na porta. aliás, a porta sempre esteve aberta.

arthur belmont disse...

valeu,cara.da próxima vez tô levando umas cervejas ,então já vou entrando mesmo ,pois estarei com as mãos ocupadas .um abraço.

[solilóquio camiphili] disse...

alguém falou cerveja?
num post com drummond?

senti o melhor sentimento do mundo.
rs.

[pra breja a porta tá aberta também?]

"a mão e a cabeça frouxas" ...são mesmo engraçados os efeitos de tal combinação. engraçados e tantas outras coisas.