escrevi, primeiro em folhas brancas, virgens; depois em pedaços de papel rasgado. na sua falta, recorri a meus lençóis, que serviram de abrigo para idéias torpes e de gosto duvidoso. meu corpo e a parede... objetos não menos ideais. ri-me da falta de escrúpulos e da frágil moral insustentável em cada palavra desenhada.
a tinta era tudo. era qualquer coisa que pudesse me valer. era vinho ou sangue ou merda! qualquer forma de exteriorizar meus demônios. ou de recriá-los maiores. de fantasiar minha grandeza megalomaníaca, a partir da loucura.
meus companheiros: pederastas, prostitutas, assassinos, libertinos... toda sorte de desajustados e marginais. verdadeiros inimigos da ordem e dos bons costumes, bem como debochadores da hipocrisia humana. criaram vida, ganharam voz e fizeram algarraza em mim e em todo canto.
precisei põ-los pra fora, por convicção de sua importância para o mundo ou por receio de sua prisão em mim.
dê-me pena e tinta, por favor!
2 comentários:
nossa cara,muito bom:
e o velho De Sade como inspiração para essa sua incursão na mente dele(e sua também) foi demais!
foda mesmo!
se vc der uma fuçada nos posts mais antigos vai ver que realmente tenho certa admiração por Marquês de Sade; o acho uma figura bem intrigante.
e essa questão de "dê-me pena e tinta, por favor", a necessidade de por pra fora , é algo com que, guardada as devidas proporções, me identifico.
Postar um comentário