I.
o que me espanta é que cada um suponha ser livre o bastante para dar um sentido único para a existência, sem imaginar que, enquanto personagens fictícios, inventados diariamente por si e pelas circunstâncias, não se diferem em nada. e buscam jesus e heroína, algo que conforme a sua falta se sentido.
estamos o tempo todo querendo chamar a atenção, não importa se dos outros, se de nós mesmos ou de um ser transcendente e andamos sempre atrás do próprio rabo porque isso é construir nossa "individualidade libertadora" (sim, as pessoas e os fantasmas buscam ser indivíduos e livres). trancados nos nossos mundos imaginários, recontamos as histórias que inventamos para nós...
II.
- não se preocupe que você não está perdido. você é exatamente como se esperava que fosse: um fantasma do seu tempo, datado pelas circunstâncias. encaixa-se perfeitamente no status quo e na literatura.
ainda assim é boa a narrativa que se constrói, com passagens instigantes e momentos de extrema sensibilidade. só não se engane quanto a originalidade (ou ainda quanto a temas até mais subjetivos e ideologizantes) da sua obra.
III.
somos fantamas assustados e com medo do escuro.
segunda-feira, 23 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
Interlúdio (ou sobre os fantasmas de si mesmo)
- Sabe o que eu acho cara? Que somos uma grande ficção e que nos impressionamos com isso, com as nossas sombras na parede. Contornos difusos e mal definidos, de tamanho exagerado, que causam êxtase e que assustam... Olhamos encantados nossa imagem refletida n’água e nos afogamos como se fosse inevitável. Lamentamos o movimento doloroso da auto-recusa performática.
Performance: é pura pose e poesia. O ego inflado e uma hipertrofia psíquica. E não há beleza alguma em se estar sempre no centro...
Você procura um lugar, mas só a consciência da busca já é admitir que não possui lugar algum (assim como pensar no sono é estar acordado) e que não há opção. Seu movimento crítico é estar sempre perdido. E se perde entreatos.
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"Como correr na esteira, que cansa e não leva a lugar algum."
Performance: é pura pose e poesia. O ego inflado e uma hipertrofia psíquica. E não há beleza alguma em se estar sempre no centro...
Você procura um lugar, mas só a consciência da busca já é admitir que não possui lugar algum (assim como pensar no sono é estar acordado) e que não há opção. Seu movimento crítico é estar sempre perdido. E se perde entreatos.
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"Como correr na esteira, que cansa e não leva a lugar algum."
terça-feira, 17 de março de 2009
“A ironia - para os que estão em busca de uma ‘causa’ – é que os trabalhadores, cujas reivindicações já constituíram o motor da transformação social, estão hoje mais satisfeitos com a sociedade do que os intelectuais; sua situação não é ideal, mas as expectativas que tinham eram menores e as conquistas alcançadas foram relativamente maiores.”
(Bell, Daniel. O Fim da Ideologia; Brasília, UnB, 1980)
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Um pouco desanimador perceber que as reivindicações trabalhistas atuais se resumem a manutenção de empregos e melhores salários. Reclama-se do preço do feijão e contenta-se em comprar feijão barato... Ou seja, o que está em questão não é mais a escravidão em si, mas sim seus termos.
Acho que o velho Marx deve se revirar no caixão ao perceber a capacidade histórica do capitalismo de (até certo ponto) se adaptar, fazer concessões e manter as coisas como estão. Melhor ainda: dosmesticam o suposto sujeito revolucionário que seria o proletário (a ideologia burguesa está por toda parte).
E sei lá, não que eu seja exatamente comunista, marxista ou qualquer coisa assim, mas chama a atenção o fato de que esperava-se demais e não foi o que se viu (até agora, pelo menos).
(Bell, Daniel. O Fim da Ideologia; Brasília, UnB, 1980)
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Um pouco desanimador perceber que as reivindicações trabalhistas atuais se resumem a manutenção de empregos e melhores salários. Reclama-se do preço do feijão e contenta-se em comprar feijão barato... Ou seja, o que está em questão não é mais a escravidão em si, mas sim seus termos.
Acho que o velho Marx deve se revirar no caixão ao perceber a capacidade histórica do capitalismo de (até certo ponto) se adaptar, fazer concessões e manter as coisas como estão. Melhor ainda: dosmesticam o suposto sujeito revolucionário que seria o proletário (a ideologia burguesa está por toda parte).
E sei lá, não que eu seja exatamente comunista, marxista ou qualquer coisa assim, mas chama a atenção o fato de que esperava-se demais e não foi o que se viu (até agora, pelo menos).
segunda-feira, 16 de março de 2009
sexta-feira, 6 de março de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
“Contudo, nos seus aspectos mais efetivos, a religião representava mais do que isso [mobilização da emoção]: era uma forma de abordar o problema da morte. O medo da morte – poderosa e inevitável – e principalmente o medo da morte violenta perturba o sonho brilhante, mas momentâneo, do poder humano. Como Hobbes observou, o medo da morte é a fonte da consciência; e o esforço para evitar a morte violenta é a fonte da lei. Quando era possível acreditar (mas realmente acreditar) no céu e no inferno, esse medo podia ser em parte temperado, ou controlado; sem tal crença, resta apenas o aniquilamento completo da individualidade.”
(BELL, Daniel; O Fim da Ideologia, pág. 324, Ed. UnB)
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Interessante essa noção, de que a morte, assustadora e infalível, faria com que nós buscássemos abrigo nas leis, principalmente nas leis de um ser superior, que explica algo a princípio sem explicação e nos conforta do destino que é "deixar de existir".
Sei lá, talvez fique sem sentido, mas tenho pensado bastante nessas questões da religião enquanto fenômeno sociológico...
(BELL, Daniel; O Fim da Ideologia, pág. 324, Ed. UnB)
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Interessante essa noção, de que a morte, assustadora e infalível, faria com que nós buscássemos abrigo nas leis, principalmente nas leis de um ser superior, que explica algo a princípio sem explicação e nos conforta do destino que é "deixar de existir".
Sei lá, talvez fique sem sentido, mas tenho pensado bastante nessas questões da religião enquanto fenômeno sociológico...
segunda-feira, 2 de março de 2009
Pequena divagação sobre um momento passado em frente ao espelho
Agora, neste exato momento, a folha de papel em branco olha para mim, num tom desafiador, me incitando a dar um fim em sua brancura com a tinta da caneta.
Confesso que hesitei por um bom tempo, cheguei a imaginar que ela sairia vencedora e voltaria triunfante pra gaveta de onde saiu. As idéias que eu julguei afiadas e extraordinárias mas traíram. Mas eis que, covardemente, resolvo apelar e desvendar o próprio impasse que se formou, o muro que se construiu entre as fantasias e as palavras. Como quem quebra o silêncio falando dele próprio, mas no fim das contas percebe que isso só piora as coisas, pois o torna mais presente.
Talvez fosse melhor falar sobre o tempo (instável) ou o trânsito (caótico). Agora martela na minha cabeça como a folha está pintada do vermelho da caneta, mas ainda continua em branco...
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Não sei por que me surpreendo, elas sempre fazem isso comigo. Mas por capricho mando-as direto para o lixo.
Confesso que hesitei por um bom tempo, cheguei a imaginar que ela sairia vencedora e voltaria triunfante pra gaveta de onde saiu. As idéias que eu julguei afiadas e extraordinárias mas traíram. Mas eis que, covardemente, resolvo apelar e desvendar o próprio impasse que se formou, o muro que se construiu entre as fantasias e as palavras. Como quem quebra o silêncio falando dele próprio, mas no fim das contas percebe que isso só piora as coisas, pois o torna mais presente.
Talvez fosse melhor falar sobre o tempo (instável) ou o trânsito (caótico). Agora martela na minha cabeça como a folha está pintada do vermelho da caneta, mas ainda continua em branco...
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Não sei por que me surpreendo, elas sempre fazem isso comigo. Mas por capricho mando-as direto para o lixo.
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