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te vejo sozinha
olhando pro nada
lembrando uma história
omitindo detalhes
um pouco confusa
os olhos dançando
os olhos só bastam
pra dançar
a valsa dor derrotados
e o que era ternura
tornou-se essa apatia
raivosa
te vejo assistindo
sozinha no escuro
a história inventada
uma coleção de absurdos
um roteiro tão fraco
com personagens banais
pobres ególatras,
quase reais
mas a realidade é só um melodrama
com toques de humor
uma ficção mau escrita por um ser supostamente superior
ainda há sangue nas suas veias
e um coração a ser despedaçado
minha garota,
sorrindo pro mundo
que dança inerte
a valsa dos derrotados
quinta-feira, 30 de maio de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
da garota sem rosto
ouviu de mim as palavras mais doces
entre ardilosa e confusa,
desviou o olhar, devolveu:
"...eu não sei".
na verdade sempre soube...
deitada na minha cama,
seguia um roteiro:
deixou ir o anel,
abandonou em seguida os dedos
uma ligação bastou
"fiquemos por aqui". assenti
e não pude te encriminar
você é o que eu sou
tranquei bem o portão
cortejei ruas, caminhos possíveis
o nariz gelado me apontou a direção
às duas da manhã voltei a ser quem nunca fui
confesso que me diverti
você vinha como uma febre
uma dúvida, um desejo
súbito, perdeu o viço,
partida, não me decifrou,
distraído, não quis te devorar
mudei seu nome para que coubesse no poema,
o esqueci antes de por no papel,
no lugar, fiz um desenho
de quando você ainda tinha um rosto
entre ardilosa e confusa,
desviou o olhar, devolveu:
"...eu não sei".
na verdade sempre soube...
deitada na minha cama,
seguia um roteiro:
deixou ir o anel,
abandonou em seguida os dedos
uma ligação bastou
"fiquemos por aqui". assenti
e não pude te encriminar
você é o que eu sou
tranquei bem o portão
cortejei ruas, caminhos possíveis
o nariz gelado me apontou a direção
às duas da manhã voltei a ser quem nunca fui
confesso que me diverti
você vinha como uma febre
uma dúvida, um desejo
súbito, perdeu o viço,
partida, não me decifrou,
distraído, não quis te devorar
mudei seu nome para que coubesse no poema,
o esqueci antes de por no papel,
no lugar, fiz um desenho
de quando você ainda tinha um rosto
sexta-feira, 24 de maio de 2013
algumas linhas sobre "nadadenovo"
seguindo a onda de resgatar cds antigos, nesta semana tenho ouvindo à exaustão o primeiro do mombojó.
dos três primeiros deles (o mais recente eu ainda não ouvi) esse era o que eu menos gostava. nunca me atraí muito por nenhuma música em específico (talvez com excessão de "a missa") e um quase exagero de arranjos eletrônicos não me agradava tanto, então sempre passou meio batido. mas agora me pegou de jeito e de uma maneira completamente inesperada.
claro que o show deles na virada cultural no último domingo contribuiu muito pra isso. saí de lá com "a missa" e principalmente "deixe-se acreditar" borbulhando na minha cabeça.
sempre me agradou a dinâmica e feliz mistura que eles fazem de samba, rock, eletrônica (o que raramente acontece) criando ótimas sonoridades, entre doces e contagiantes, que mostram uma banda com um som bem resolvido e de personalidade. e claro que o sotaque pernambucano tende a deixar a música deles ainda mais legal.
destacaria ainda desse cd, "absorva" (me absorve que hoje eu quero ser só seu/ me dissolve e mexe com a colher/ o seu prato predileto é quando eu digo não/ não quero mais ser só/ não quero mais ser seu só) e "merda" (uma bela declaração de más intenções).
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Algumas linhas sobre a Virada Cultural 2013
Não tema, esse é o reino da alegria. - Mombojó |
Sou um grande entusiasta de eventos como esse, que permitam que as pessoas vivam sua cidade, tenham a oportunidade de interagir com ela de maneira mais festiva e alegre. Permitam que as ruas sejam vistas como espaço para convivência e diversão. Simples assim. Mais do que o evento em si, ter a oportunidade de estar com pessoas agradáveis, curtindo junto e dando risada faz toda a diferença.
Logo no início do evento já estava por lá, pra ver o Lobão na São João. Tava mais cheio do que eu esperava e por ter chegado em cima da hora não consegui ver muito de perto. Mas foi um bom show pra começar a maratona. Sou muito fã do cara e fiquei bem empolgado pra vê-lo, acabei achando o repertório de mediano para bom. Mas bobagem, afinal sempre algumas músicas que a gente gosta acaba ficando de fora.
Depois disso, passada no Páteo do Colégio, onde uma banda interessantíssima estava se apresentando. Uma tal de Surdomudo Impossible Orchestra, mandando um som muito legal, indefinível. Pena que não peguei do começo. Mas ainda assim reforçou minha impressão de que o melhor da virada é ser surpreendido com coisas inesperadas. Vale citar também um ótimo samba que tava rolando num coreto perto da BM&F. Agrádavel de se ouvir de leve, enquanto se conversa e toma alguma coisa.
A cidade numa noite de festa é um charme a parte, e me agrada muito andar o máximo possível pelos diversos cantos do centro. Passamos, além dos lugares citados, pela Praça do Patriarca (forró), pelo Mercado Municipal (onde tava rolando um chorinho muito bom), entre outros caminhos sem muito destino.
A partir das 04h00, uma tríade de artistas no palco da 25 de Março, que eu estava muito afim de ver: Lirinha, Vanguart e Mombojó. O novo CD do Lirinha tá muito bom e valeu tê-lo ouvido ao vivo. Vanguart eu conheço pouco, mas também empologou. Mas sem a menor sombra de dúvida o ponto alto pra mim de toda a Virada foi o Mombojó. Ao vivo eles soam ainda melhores e passam uma energia que deixou todo mundo empolgado. Incrível como eu estava muito mais animado (e menos cansado) ao final do show deles. Destaque para Casa Caiada e Deixe-se Acreditar.
No fim ainda lamentei um tanto por não ter pique de ver outros artistas como Criolo, Otto e Fundo de Quintal, mas depois de 16 horas eu realmente precisava ir para casa.
Claro que depois a gente ouve na TV problemas relacionados a segurança. Roubos, furtos, confusões, entre outros, inevitavelmente fazem parte de um grande evento que reúne milhões de pessoas. Mas eu espero que isso não prejudique sua imagem e a vontade do poder público e da sociedade civil de fazerem ainda mais e melhor.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
o sorriso roxo
O vinho barato lubrifica o sorriso
Roxo, fica ainda mais belo
Se eu dissesse, porém, riria
Duvidando das minhas intenções
Duvido também...
Imagino teus seios por baixo da blusa
Esforço-me para parecer sério
Mas estou transparente demais
Lá fora o céu é quase claro de novo
Jurava que daria meia-noite
Mas meus ponteiros já não são confiáveis
Sem prestar atenção no que eles dizem
Balanço a cabeça sem quaquer convicção
Uma hora atrás responderia algo interessante
Olho para os copos, ainda meio cheios,
Destampa a garrafa e os completa
Ergue o seu e propõe um derradeiro brinde
- À quê?
- Não sei,
Acho bonito os som dos copos a se tocarem no
ar
Roxo, fica ainda mais belo
Se eu dissesse, porém, riria
Duvidando das minhas intenções
Duvido também...
Imagino teus seios por baixo da blusa
Esforço-me para parecer sério
Mas estou transparente demais
Lá fora o céu é quase claro de novo
Jurava que daria meia-noite
Mas meus ponteiros já não são confiáveis
Os olhos se perdem, lânguidos
Passeio mentalmente pela curva dos seus lábiosSem prestar atenção no que eles dizem
Balanço a cabeça sem quaquer convicção
Uma hora atrás responderia algo interessante
Olho para os copos, ainda meio cheios,
Destampa a garrafa e os completa
Ergue o seu e propõe um derradeiro brinde
- À quê?
- Não sei,
Acho bonito os som dos copos a se tocarem no
ar
terça-feira, 14 de maio de 2013
o livro laranja
o livro laranja
no galho da estante
no pé-de-laranja
um sonho distante
quantos anos levando porrada?
quantos namorando a vizinha?
o vento laranja
soprou num instante
dançaram as folhas
fugiu minha amante
troquei de assunto
troquei de cidade
não como o fruto
nem colho o verso
no galho da estante
no pé-de-laranja
um sonho distante
quantos anos levando porrada?
quantos namorando a vizinha?
o vento laranja
soprou num instante
dançaram as folhas
fugiu minha amante
troquei de assunto
troquei de cidade
não como o fruto
nem colho o verso
quinta-feira, 9 de maio de 2013
algumas linhas sobre "mary star of the sea" (zwan)
já conhecia esse disco pelo menos desde 2005, mas não sei por que ele bateu em mim com tanta intensidade só em 2010. desde então, e principalmente por uns meses daquele ano, o ouvi dezenas de vezes. ontem, depois de um bom tempo ele me veio novamente à cabeça como uma boa alternativa sonora e com isso me deu também vontade de escrever algumas linhas.
ouvindo agora, me lembro muito da época em que ele foi a trilha sonora dos meus dias (quase três anos atrás). mais do que isso, me lembro de lugares em que estive, coisas que ocupavam meu pensamento e por um momento quase posso sentir o vento frio de algum fim de tarde em que saía do trabalho ouvindo ele. interessante como algumas canções têm essa capacidade.
não sei dizer exatamente o que me agrada no disco. sempre gostei do smashing pumpkins e claro que por influência do billy corgan, o zwan lembra muito aquela banda. mas de maneira geral as composições me soam mais leves e radiantes (dois adjetivos que dizem pouco sobre música, eu sei). há mais violões e menos guitarras, apesar de elas aindas estarem lá, na medida certa e com belos timbres.
acho que assim de pronto eu poderia destacar lyric, que abre o cd de forma contagiante, declaration of faith, a bela heartsong (but heart songs are all I am/ I use the same words to say the same things), a agitada "baby, let's rock" (you can kick, you can cry, you can fuss, but let's rock), e as duas últimas (que formam uma só, de mais de 14 minutos) Jesus, I e Mary Star of the Sea. Mas ainda assim, faz muito mais sentido enquanto disco, do começo ao fim.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
algumas linhas sobre "somos tão jovens"
posso dizer com certa segurança que a legião urbana é a banda da minha vida. afinal, foi a primeira que eu realmente gostei e que continuou por anos a fio sendo a minha favorita. se hoje eu quase não ouço mais, ainda reconheço a extrema importância que ela teve e tem para mim e para o cena musical brasileira e principalmente a potência e alcance de suas músicas. cada uma delas é uma descoberta de força e beleza.
por conta disso, não precisaria dizer que assistir ao "somos tão jovem" era quase que obrigatório pra mim. foi muito interessante ver aquela época sendo retratada no cinema, de maneira tão viva. uma garotada querendo transformar ócio em música e contestação, tentando fazer alguma coisa diferente. e mesmo que o foco tenha sido especificamente o renato russo (expoente maior daquela geração?), é muito interessante ver toda a turma ao seu redor, da qual inclusive surgiram outras bandas relevantes como a plebe rude e o capital inicial.
gostei muito do ator que fez o renato russo, achei convincente, inclusive na maneira de falar e nos trejeitos. passou bem a sensação que eu sempre tive de uma pessoa muito cheia de grilos e manias, intensa, inteligente, sensível, carismática e, por que não dizer, quase arrogante.
o filme retrata de 78 a 82, ou seja pega o surgimento e o fim do aborto elétrico e o início da legião urbana, ainda enquanto banda regional e sem sua formação definitiva (com o bonfá na bateria e o dado na guitarra). e pra mim esse recorte veio muito bem a calhar, pois valoriza justamente uma parte da história menos conhecida e muito vibrante, quando tocar rock era nadar contra a corrente. aquela geração teve que correr atrás e aprender tudo praticamente sozinha, com a gana de quem encontrou ali uma forma de se rebelar contra tediosa brasília e a situação política e social do país.
pra não ficar só elogiando o filme, tem algumas cenas que me soaram artificiais e gratuitas. elas até retratam algum acontecimento interessante, mas parecem destoar da fluxo da narrativa e deixam a história um tanto quanto truncada. mas em resumo, "somos tão jovens" é o tipo de filme com o qual eu tenho uma forte ligação afetiva, então é quase impossível que eu não goste.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
[o livro de areia e a canção da fraternidade]
"Beatriz não quis ver o navio; a despedida, em sua opinião, era uma ênfase, uma insensata festa da infelicidade, e ela detestava as ênfases. (...) Sou um homem covarde; não lhe deixei meu endereço, para evitar a angústia de esperar cartas."
(jorge luis borges/ o congresso)
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vem, volta pra casa
eu fiz uma garrafa enorme de café
essa chuva não faz mal
mas se você se resfriar eu cuido de você
eu não meço esforços
é porque eu me importo
vem, termina esse trago
você ainda tem um maço inteiro
eu ainda não cansei
de te dizer o quanto isso faz mal
eu não meço esforços
é porque eu me importo
(Aroflogilo Pai/ Canção da Fraternidade)
ouça aqui essa pequena tosqueira tão bonita
(jorge luis borges/ o congresso)
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vem, volta pra casa
eu fiz uma garrafa enorme de café
essa chuva não faz mal
mas se você se resfriar eu cuido de você
eu não meço esforços
é porque eu me importo
vem, termina esse trago
você ainda tem um maço inteiro
eu ainda não cansei
de te dizer o quanto isso faz mal
eu não meço esforços
é porque eu me importo
(Aroflogilo Pai/ Canção da Fraternidade)
ouça aqui essa pequena tosqueira tão bonita
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