sexta-feira, 14 de dezembro de 2007


esta angustia que sinto é tua.
de quem mais sera?
sinto voce em mim.
isso me dá medo.
isso me comove.
isso quase me apaixona.

se quiser vou à igreja no domingo,
contigo.

só para nao sentires o temor,
como alguem que pecou.

este martirio teu, que eu,
mesmo sendo quem sou,
como um nao cristao sinto sua dor.
eu que nao rezo,
mas sinto a censura de um arguidor.

que vamos entao.
demos as mãos.
entremos na casa de deus.
voce por perdao,
e eu por respeito ao teu.

TR


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Parei de ler para escrever o que agora escrevo...

Lembrei deste poema, senti um aperto no peito, como se algo passasse a (ou deixasse de) fazer sentido e procurei logo uma folha em branco. Sobre você? Sobre teu poema? Não... acho que é sobre mim mesmo.

"Deus existe mesmo
quando não há", disse Ariobaldo, personagem de Guimarães Rosa em citação de Leandro Konder em "Sobre o Amor". Essa mera citação me fez lembrar desse poema e de coisas que eu já havia escrito (sentido) antes.

A docilidade e com que se oferece companhia para ir à igreja, por mais que não se creia que seja ela realmente um lugar sagrado. Por Deus? Não. Por ele (a). Pela angústia que há dele (a) em ti e pela inquietação que te causa essas sensações.

Deus existe mesmo quando não há. Pelo que há de Deus no homem (a necessidade de refúgio) e pelo que há de humano em Deus (o que nos toca, o que liga uma alma a outra...). Pelo que te afeta e te causa afeto (justo você que não reza)...

Por um momento esqueça discussões metafísicas, esqueça se realmente há Deus. O que importa é a necessidade de ir até Ele, pela candura com que se oferece a mão.


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[...]
Rezo porque creio
Mais em ti do que em Deus
Ou se Deus há, está aqui
(Ao meu pé, quando você está)

Um comentário:

tarsio vinicius disse...

cada oraçao é uma declaraçao de amor.
cada declaraçao de amor é um pedido, uma reza, uma oraçao para que nao acabe.