sábado, 22 de maio de 2010

SENECTUDE PRECOCE

Envelheci. A cal da sepultura

Caiu por sobre a minha mocidade...

E eu que julgava em minha idealidade

Ver inda toda a geração futura!


Eu que julgava! Pois não é verdade?!

Hoje estou velho. Olha essa neve pura!

- Foi saudade? Foi dor? - Foi tanta agrura

Que eu nem sei se foi dor ou foi saudade!


Sei que durante toda a travessia

Da minha infância trágica, vivia,

Assim como uma casa abandonada.


Vinte e quatro anos em vinte e quatro horas...

Sei que na infância nunca tive auroras,

E afora disto, eu já nem sei mais nada!


(Augusto dos Anjos)

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Caiu como uma luva, não exatamente pelo pessimismo ou pela sensação de estar precocemente velho (quer dizer, talvez por isso um pouco...), mas pelos vinte e quatro anos em vinte e quatro e a saudade (ou dor?) que ficou. É sempre aquela história "pô, o tempo passou rápido demais", fica até clichê. Mas será que teria outra frase que se encaixasse melhor?

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