Chame do jeito que quiser.
Dê o nome que convir.
Fantasie o mundo ao seu redor.
De preferência com batom, maquiagem e roupa apertada.
Assim é mais fácil não pensar no que se é, e nunca poderia deixar de ser.
Jogos amorosos
Flerte, conquista, cantadas baratas?
Não para ela.
O que há de libertinagem há também de hipocrisia e isso ninguém pode mudar.
Nem sedução, nem kama sutra.
O coito, o gozo, o êxtase... tudo tão vazio, tão mecânico.
A animalidade objetiva e desubstancializada de uma aula de anatomia.
Tudo que você já quis ser agora se resume a provas de não passar de organismo impuro.
Esqueça toda verborragia, palavras não te expressam.
O que você é? Olhe para seu colchão.
Essas manchas são você, da maneira mais pura e simples que pode ser.
Sem disfarces, sem anseios.
Pura coisa-em-si, desprovida de tudo que lhe é sublime.
Chame do jeito que quiser (não que alguém vá escutar).
E acorde todo dia sabendo que se é menos do que pode ser (justamente por não poder ser algo mais).
Teu erotismo é pornografia.
Tua pornografia, uma forma de esquecer, por um momento, de toda falta de propósito, da ausência do encanto antes cultivado.
O líquido azedo que carrega com você não deixará esquecer...
Palavras não te expressam. Não você.
Agosto já está longe... quanta coisa aconteceu nesse meio tempo! Duas vidas e mais... Mas relendo isso, acho que Thétis ainda faz sentido pra mim. Tornei a pensar nela ao falar com um amigo sobre a desconstrução do "sexo enquanto algo sublime", quando ele perde seu cunho erótico e se torna quase nojento (sem disfarçes, sem anseios). Marquês de Sade e melancias tem a ver com essas considerações...
(leiam o poema Thétis que está aqui: http://z003.ig.com.br/ig/37/21/186709/blig/carbonoeamoniaco/2007_08.html , dia 15/08)
7 comentários:
consideraçoes sobre thétis...e o calcanhar do seu protegido - aquiles.
e o tanto quanto tentamos nos enganar ou instaurar uma verdade sobre os outros, nos mostra que ainda sim, depois de tanto esforço, somos parciais(e nao de imparcial, e sim de nao completude). e é por isso(por nao sermos muito mais que uma parte que devevia ser um todo) que acabamos(todos nos, eu , voce, e as outras pessoas)nao levando em consideraçao o quanto determinada coisa ou objeto valeu a pena naquele exato momento, ou melhor, nao é porque nao damos o real valor a isso(real que é perceptivel so no momento), mas sim porque temos memoria fraca, ou assim queremos ter. esuqecemos, e avaliamos o que passou de forma imcompleta. o valor é avaliado de forma relativa. relaciona o que se pensa agora com uma lembrança, uma ideia, ou teoria que foi formulada em outras situaçoes. se perde a noçao do que realmente é importante para aquele momento.
...e eu teria as minha duvidas se alguem (talvez eu mesmo) disesse que o i9mportante no momento seria fazer justamente o que faço agora, ou seja, utilizar essa minha visao como desculpa para assim continuar vendo a coisa de forma relativa. fazer isso é instaurar em si o "auto-engano", ou tentar engedrar uma moral "cimentada", ou pior , constituir uma super filosofia, esta ultima que é perfeita, mas so o é porque se admite que ela nao tem erros( e nao que ela nao tenha, so se passa por cima delas, admitindo que elas nao sao importante, que nao devem ser levadas em consideraçao).
ta bom...
sobre thetis e o gigante adamastor.
quem dirá entao que tudo quanto vivemos ate agora nao foi parte importante da nossa constituiçao de vida?
eu digo isso. mas so o digo porque constitui uma super filosofia. mas de que adianta uma super, se no final ela nao supre as reais necessidade daquele exato momento em que me proponho, em que me tenho a trabalhar para que o problema seja resolvido? ou seja, ela nao vale de nada.
ops...aeh ...foi mau...eu acho que eu abstrai demais....quando na verdade acho que deveria ter sido um pouco mais "palpavel" (sem interpretaçoes sexuais com esta ultima palavra hein....kkkkk)
na verdade eu acho que eu falei uma pá de merda... e que nao tem nada a ver o que eu escrevi ...portanto nao leve em considearaçao,,,é que se sabe neh? eu so falo coisa decente quando estou no minimo alccolizado..
falou
Ah sim, farei um comentário, rs.
Gostei do que você captou, acho que a idéia principal é mesmo a sublimação do sexo (que eu arriscaria chamar de erotismo).
Mas, como tudo não é por si só e necessariamente precisa estar em relação a alguma coisa, acho que a expressão se deu à conexão deste misticismo criado com a procura pela identidade, entende? Como se fosse um lapso: "Perae, o que estou fazendo? Isso é repugnante. O que é tão admirável e desejado é, na verdade, grotesco. O que há de belo nisso?"
E, em contra- partido, HÁ algo de belo nisso. Mesmo com a consciência de que o libertino é hipócrita, de que o belo é asqueroso e que não há verdadeiro sentido para isso senão os mais mesquinhos e desprezíveis possíveis.
Mecânico, tendencioso, fingido e, no entanto, vicioso e necessário.
Isso me encanta. O sexo é só um detalhe.
sim, claro. me sinto complementado por seu comentário, e isso é raro de acontecer.
a questão está em ver que o que há de desejável tem sua parcela de repugnante, mas talvez isso seja cair num moralismo inverso, porque tanto desejo quanto repugnância está em nós...
"sim, claro. me sinto complementado por seu comentário, e isso é raro de acontecer."
Raro eu comentar e raro você se sentir completado pelo meu comentário.
Algum dia eu chego lá. Rsrs.
(13-12-06)
Thetis
O que há de libertinagem
Há de hipocrisia
A decepção de ser só mais um sopro
Quem dera estar apta a sentir
A sonhar, a desejar
E, meio a mil desculpas para ser foco,
Encontro-me medíocre, em manchas no colchão.
O que existe de tão fantástico nesses lençóis mal-lavados?
Por que é preciso parecer tão misterioso,
Tão obscuro, tão secreto?
Quando tudo que parece erotismo
Não deixa de ser mera pornografia.
Odiável a condição deste ser
Na busca por aquele algo mais
Thetis por fora
E simples líquido azedo por dentro.
Cheiro que anseia o desgosto
E se esbalda, ridiculamente
Procura densidade, procura identidade
Porém continua reticente.
__
Esse eu queria que ficasse guardado aqui, com você. Sabe que eu venho buscar pedaços de mim por esses lados às vezes, né? Pelo menos parte daquela menina impertinente de 16 anos que você conheceu; que acreditava - ou queria acreditar - na aleatoriedade de contos eróticos encontrados em pontos de ônibus. 'Ssas coisas.
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